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Polícia

Começa julgamento de 3 acusados de matar Celso Daniel

10 mai 2012 - 11h52
(atualizado às 12h44)
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Hermano Freitas
Marina Novaes
Direto de Itapecerica da Serra

Começou, por volta das 11h30 desta quinta-feira, o julgamento de três acusados de matar, em 2002, Celso Daniel (PT), então prefeito de Santo André (ABC Paulista). Hoje serão julgados Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro; Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho; e José Edison da Silva. Os advogados dos réus Itamar Messias dos Santos Filho e Elcyd Oliveira Brito, o John, abandonaram o plenário - manobra para desmembrar o julgamento - e os dois serão julgados apenas no dia 16 de agosto.

A advogada de Elcyd Oliveira Brito, Ana Lúcia dos Santos, fala à imprensa na chegada ao fórum
A advogada de Elcyd Oliveira Brito, Ana Lúcia dos Santos, fala à imprensa na chegada ao fórum
Foto: Diogo Moreira / Futura Press

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O julgamento, que acontece no Fórum de Itapecirica da Serra e deve terminar amanhã, teve início com a escolha dos sete jurados: quatro homens e três mulheres. Como as 13 testemunhas de defesa foram dispensadas pelos advogados, a audiência começará pelo interrogatório dos três réus. O primeiro réu a ser ouvido foi Ivan, que negou ter participado do sequestro e da morte de Celso Daniel. O júri também ouviu José Edson, que negou participação no crime.

O único condenado pela morte de Celso Daniel até agora foi Marcos Roberto Bispo dos Santos, sentenciado em novembro de 2010 a 18 anos de prisão. Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, responde em liberdade, beneficiado por um habeas-corpus. Nesta primeira etapa do julgamento, os réus serão ouvidos separadamente.

Durante o julgamento, a promotoria irá sustentar a tese de que o crime foi motivado pela descoberta de enriquecimento ilícito por pivôs de um esquema de corrupção. A ação criminosa teria operado na administração municipal da cidade para financiar as campanhas políticas do Partido dos Trabalhadores, inclusive do então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Sombra, que era amigo da vítima, teria encomendado a morte de Celso Daniel após descobrir o plano do prefeito de acabar com as fraudes em licitações e outros desvios de verba. "Ele conhecia esse esquema e, enquanto achou que servia apenas ao financiamento de campanha do Partido dos Trabalhadores, tolerava. Mas, quando soube que também enriquecia pessoalmente o grupo, passou a investigar", disse o promotor Márcio Augusto Friggi de Carvalho, em entrevista na quarta-feira.

Os demais envolvidos teriam sido contratados para, no jargão dos criminosos, "arquivar" o prefeito. No curso das investigações, sete pessoas ligadas aos fatos apareceram mortas em circunstâncias misteriosas, inclusive um médico legista que examinou o corpo da vítima. O juiz presidente do júri popular é Antonio Augusto Galvão de França Hristov.

A morte de Celso Daniel

Então prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT) foi sequestrado em 18 de janeiro de 2002, quando saía de um jantar. O empresário e amigo Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, estava no carro com ele quando foi rendido. O político foi levado para um cativeiro na favela Pantanal, em Diadema (Grande ABC), e, depois, para uma chácara em Juquitiba, a 78 km de São Paulo, sendo assassinado a tiros dois dias depois. Na época, o inquérito policial concluiu que Celso Daniel teria sido sequestrado por engano e acabou morto por uma confusão nas ordens do chefe da quadrilha. Mas a família solicitou a reabertura das investigações ao Ministério Público.

As novas averiguações apontaram que a morte de Celso Daniel foi premeditada. As contradições entre as declarações de Sombra e as perícias feitas pela polícia lançaram suspeitas sobre o amigo do então prefeito. Ele havia dito que houve problemas nas travas elétricas do carro em que os dois estavam, que houve tiroteio com os bandidos e que o carro morreu. Mas a perícia da polícia desmentiu todas as alegações.

O MP denunciou sete pessoas como executoras do crime, sendo que Sombra foi apontado como o mandante do assassinato. Ele foi denunciado por homicídio triplamente qualificado - por ter contratado os assassinos, pela abordagem ter impedido a defesa da vítima e porque o crime garantiria a execução de outros. De acordo com o MP, o empresário fazia parte de um esquema de corrupção na prefeitura de Santo André que recebia propina de empresas de transporte, mas Celso Daniel teria tomado providências para acabar com a fraude, o que motivou a morte. Ele nega a acusação.

A Justiça decidiu levar todos os acusados a júri popular. Além de Sombra, José Edson da Silva, Elcy Oliveira Brito, Ivan Rodrigues da Silva, Itamar Messias Silva dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira serão julgados pela prática de homicídio qualificado (por motivo torpe, mediante paga ou promessa de recompensa e por impossibilitar a defesa da vítima), cuja pena máxima é de 30 anos de reclusão. Em novembro de 2010 aconteceu a primeira condenação do caso: Marcos Roberto Bispo dos Santos pegou 18 anos de prisão em regime fechado.

Fonte: Terra
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