Campello: depois de Lula, é possível Dilma erradicar pobreza
- Claudia Andrade
- Direto de Brasília
A nova ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello (PT), assumiu neste domingo o cargo em Brasília reafirmando o compromisso assumido na campanha e no sábado, na sua posse, da presidente Dilma Rousseff de erradicar a pobreza no País. Para ela, as políticas implementadas nos oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva vão permitir que o objetivo seja atingido. "Depois do que fez Lula, isso é crível, é possível e vai ser conquistado. A erradicação da pobreza é o objetivo central que assumimos aqui e agora", disse.
"Nossa missão não será fácil, mas nunca antes na história desse País tivemos um ambiente tão favorável para alcançar esse objetivo", afirmou, usando a famosa expressão do ex-presidente Lula para anunciar os feitos de sua gestão. "Estamos partindo de um patamar elevado de conquistas sociais, resultado do trabalho do governo Lula e de seu ministério", disse.
"Os resultados que alcançamos não são fruto da sorte, mas de decisões políticas claras e ousadas. (...) Tendo construído essas bases, temos o dever de ousar mais uma vez. Antes, quando se falava em acabar com a miséria, as pessoas se entreolhavam", afirmou.
Em seu discurso ao assumir a pasta, antes comandada por Márcia Lopes, Tereza destacou ainda a integração dos ministérios para a erradicação da pobreza e os avanços do programa Bolsa Família, apesar das dificuldades. "Quando começamos a organizar uma frente ampla para discutir a unificação de programas de transferência de renda, fomos criticados. E também quando implantamos, fomos criticados", disse, destacando que Lula teve "coragem" para tomar essa decisão e que a política contribuiu para a redução da desigualdade e da pobreza.
A ministra destacou também que, no cenário atual, há empregos sobrando no País, mas falta mão de obra qualificada para algumas profissões e em algumas regiões. "Temos que acabar com essa distância. Acabar com a miséria nos vários Brasis, no semiárido, entre jovens capturados pelo crack, entre idosos pobres", disse. "Temos que trabalhar pela inclusão cada vez maior de brasileiros na classe C, consumindo e nos ajudando a fazer o Brasil se desenvolver mais e mais", afirmou.
A nova ministra iniciou seu discurso dizendo que não improvisaria, mas não se conteve e, ao agradecer familiares e amigos que acompanharam a cerimônia, brincou com sua médica pessoal, "que salvou sua vida" várias vezes, segundo ela. "Hoje ela foi rebaixada ao papel de fotógrafa", afirmou.
Tereza também agradeceu o apoio do marido, Paulo Ferreira, que foi tesoureiro do PT, e disse que, em nome dele, homenageava todos os homens "orgulhosos de suas mulheres". Ela brincou novamente prometendo cumprir a cota de 30% de homens em seu ministério.
Despedida de Márcia Lopes
Em sua despedida do cargo, a ex-ministra também destacou o fato de, segundo ela, o Bolsa Família ter se tornado o maior programa de transferência de renda do mundo. "Superamos a ideia de políticas descontínuas, fragmentadas e pequenas. Hoje temos o tamanho do Brasil", afirmou, acrescentando que o ministério ganhou a credibilidade e a confiança de parceiros. "Não é a toa que estamos assistindo a queda da desigualdade e o movimento forte da economia", disse.
Márcia desejou à nova ministra "absoluto sucesso e êxito em sua gestão" e se colocou à disposição para o que for preciso. A ex-ministra ainda fez uma homenagem à colega, entregando-a um buquê de flores antes de seu discurso.
O evento reuniu vários integrantes do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, como a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o ministro da Educação, Fernando Haddad, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o novo ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, e o novo ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, entre outros.
Quem é a nova ministra
Tereza Campell, paulista de 48 anos, nascida em Descalvado, foi subchefe de articulação e monitoramento da Casa Civil, onde se dedicou ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e atuou desde agosto de 2004. Tereza fez carreira no Rio Grande do Sul, onde chegou no final dos anos 1980 para trabalhar na Fazenda durante o primeiro mandato petista em Porto Alegre. Além de cargos na prefeitura, a economista atuou no governo de Olívio Dutra. Ela se formou em Economia pela Universidade Federal de Uberlândia (MG), onde foi líder estudantil.