Brasil abriga político boliviano e é criticado pelo governo
O governo da Bolívia "lamenta a falta de resposta oficial" do Brasil às suas reivindicações sobre o refúgio dado ao político opositor Roger Pinto, que acusa o presidente Evo Morales de perseguição política, disse o Ministério de Relações Exteriores em comunicado.
Segundo o ministério, o governo do Brasil recebeu "múltiplos solicitações formais" sobre o caso, desde que o ex-senador ingressou na embaixada brasileira em La Paz em 2012 e quando fugiu para o Brasil em 2013 com ajuda de um diplomata brasileiro, mas não obteve resposta oficial.
Em contato com a imprensa boliviana, Roger Pinto declarou na quinta-feira que já recebeu a documentação da Comissão Nacional do Refugiado (Conare) brasileira, o que oficializa seu refúgio, decisão que foi tomada pelas autoridades brasileiras mês passado.
A chancelaria boliviana ressaltou no comunicado que apresentou "todos os argumentos fáticos e legais, provas e documentação que demonstram inequivocamente que este cidadão boliviano não merece nem merecia a proteção do governo brasileiro, sob o título de asilo ou refúgio".
Além disso, sustentou que antes de Roger Pinto entrar na sede diplomática brasileira em La Paz para pedir asilo e de o pedido tramitar formalmente no Brasil, "já haviam vários processos penais contra ele pelo crime de corrupção pública".
Roger Pinto tem uma sentença por dano econômico ao Estado de US$ 1,5 milhão, que foi ditada em 2013 sobre um caso que data de 2000, quando o político manejava uma zona franca no norte da Bolívia.
Contra Roger Pinto também há duas declarações judiciais de rebeldia, duas ordens de detenção, uma solicitação à Interpol de busca e um trâmite de extradição, acrescentou o comunicado.
O ex-senador sempre negou as denúncias e as atribui a uma retaliação do governo Morales por ter acusado as autoridades bolivianas de uma conivência com a corrupção e o narcotráfico.
Ontem, Roger Pinto declarou aos jornalistas de La Paz em uma videoconferência que o refúgio concedido prova que efetivamente sofre perseguição política.
"Esta decisão do Brasil demonstra ao mundo inteiro que em minha pátria, Bolívia, existe perseguição política. O fato de pensar diferente do governo se tornou um crime", disse Pinto.