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Política

Ato do MTST é resposta a “golpistas dos Jardins”, diz Boulos

Guilherme Boulos, líder dos sem-teto, disse que marcha desta quinta-feira tem o objetivo de enfrentar a “direita atrasada” que foi às ruas pedir intervenção militar no País

13 nov 2014 - 21h25
(atualizado em 14/11/2014 às 10h57)
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A “Marcha popular pelas reformas: contra a direita, por direitos”, realizada na noite desta quinta-feira em São Paulo, é uma resposta da esquerda aos manifestantes que, seis dias após a reeleição de Dilma Rousseff (PT), foram às ruas pedir o impeachment da presidente e defender a necessidade de uma “intervenção militar” no País.

<p>Com o tema Contra a Direita, Por Mais Direitos, os manifestantes repudiam ainda os protestos que pediam intervenção militar no Brasil</p>
Com o tema Contra a Direita, Por Mais Direitos, os manifestantes repudiam ainda os protestos que pediam intervenção militar no Brasil
Foto: Fernando Zamora / Futura Press

(Vamos) fazer enfrentamento a essa direita atrasada que tem ido às ruas nos últimos meses defender posições inaceitáveis para maioria do povo brasileiro. Defender não só intervenção militar e impeachment, como também semear ódio aos pobres, racismo, homofobia. Isso não pode ser admitido. Essa marcha vem pra fazer contraponto e mostrar que, se os golpistas dos Jardins estão colocando mil pessoas nas ruas, nós vamos por 15 mil só pra começar”, disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organizou a marcha com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o coletivo Juntos.

De acordo com a Polícia Militar, o ato do MTST reúne cerca de 10 mil manifestantes – a organização estima 15 mil. Já o protesto realizado por eleitores do candidato derrotado à presidência Aécio Neves (PSDB) reuniu cerca de 2,5 mil pessoas no último dia 1º.

“Tem uma playboyzada aí dos Jardins que, porque o titio Aécio perdeu a eleição, ficou bravinha e foi para a rua contra o povo. Se lá na marcha deles tem elite, que não gosta do povo, aqui tem povo trabalhador, aqui tem negro, aqui tem nordestino, aqui está o povo brasileiro”, disse Boulos aos manifestantes, de cima do carro de som.

“Elite atrasadíssima”

Os manifestantes começaram a se reunir por volta das 17h no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Às 19h20 o grupo saiu em passeata por ruas dos Jardins, bairro nobre na região da Paulista e realizou intervenções para chamar a atenção da elite paulistana: músicas do grupo de rap Racionais Mc’s foram tocadas no carro de som durante o trajeto e, ao som de Zé Ramalho, os manifestantes fizeram uma intervenção no jardim do tradicional hotel Renaissance, na alameda Santos - o ato foi acompanhado de policiamento ostensivo. Depois, o protesto seguiu, debaixo de chuva, para a praça Roosevelt, onde foi encerrado.

Outro episódio bastante criticado, ainda que de forma indireta, foi a declaração separatista do vereador e deputado estadual eleito Coronel Telhada (PSDB), ex-comandante da Rota, que, logo após a reeleição de Dilma, sugeriu que o Sul e Sudeste se separassem do resto do País. De acordo com Boulos, a ideia do protesto de hoje é mostrar que “a maioria da população não compactua com isso (pedidos de intervenção militar e discriminação) e condena esse tipo de percepção”.

“Só o fato de haver milhares de pessoas que não têm vergonha de mostrar a cara dizendo que defendem uma intervenção militar, um golpe militar, segregação do País, morte a nordestinos, morte a pobre, morte a homossexual, esse fato em si já é preocupante. Mas nós temos a clareza que esse sentimento é minoritário na sociedade brasileira. Um sentimento que vem de uma elite da casa grande. Um sentimento que é assimilado por uma classe média principalmente aqui no Sudeste, no Sul do País”, afirmou.

<p>Guilherme Boulos afirmou ainda que protesto quis pautar as reformas populares necessárias</p>
Guilherme Boulos afirmou ainda que protesto quis pautar as reformas populares necessárias
Foto: Fernando Zamora / Futura Press

Para o líder dos sem-teto, a elite não entende a importância de programas sociais como o Bolsa Família porque “sequer admitiu a abolição da escravatura”.

“Esse é um ranço de classe, de uma elite, de uma burguesia que nunca aprendeu a conviver com o povo, uma elite que sequer admitiu a abolição da escravatura. Então, para eles, falar de Bolsa Família é revolução socialista, falar de investimento sociais é inaceitável. A elite brasileira é atrasadíssima e ela que semeia esse ódio. Então o povo vai dar a resposta, e vai dar a resposta a altura, vai dar a resposta defendendo as reformas populares”, completou Boulos.

Reformas

O segundo propósito da manifestação desta quinta-feira, ainda segundo o líder do MTST, é “pautar reformas populares no Brasil”: reforma política; reforma urbana e agrária; reforma tributária progressiva; democratização das comunicações; e desmilitarização da polícia. De acordo com Boulos, os manifestantes querem mostrar à presidente Dilma que ela tem todo o apoio para seguir adiante com as reformas – e, ao mesmo tempo, que encontrará os movimentos mobilizados caso não siga com suas promessas.

“O programa que foi eleito nas urnas tem que ser realizado, é um programa de mudança popular. O programa que perdeu não pode imperar. É necessário que o povo deixe claro a importância das reformas estruturais, todos esses temas que estão travados na agenda brasileira há décadas por conta do impeditivo que as elites colocam no Congresso Nacional, no Judiciário”, disse Boulos aos jornalistas. “Nós não vamos permitir que a presidenta não faça as reformas (que prometeu) e não governe para os trabalhadores", completou, desta vez dirigindo-se aos manifestantes.

De acordo com Vagner Freitas, presidente da CUT, o objetivo do ato é fazer a “sociedade brasileira perceber e entender que a Dilma tem o apoio popular para fazer as reformas para quais ela foi eleita”.

“Não são só os reacionários que vêm para a rua, não aceitando o resultado da eleição, desrespeitando a opinião do povo, pedindo o impeachment da presidenta ou propondo atrocidades como a volta da ditadura militar. Esse ato é para dizer que acabou a eleição, agora o Brasil precisa de uma grande governança que dê condição para que a presidenta Dilma coloque no seu plano de governo aquilo que o povo votou. O povo não votou para ter alta de taxa de juros, não votou para ter banqueiro no Banco Central ou ministro da Fazenda. O povo não votou para ficar pressionado pelo PMDB reacionário, o povo votou na proposta da Dilma de mais mudanças”, encerrou Freitas.

Fonte: Terra
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