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Política

Aposta de Lula na renovação, Haddad chega à prefeitura

28 out 2012 - 19h25
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Ex-ministro da Educação das gestões Lula da Silva e Dilma Rousseff, Fernando Haddad, 49 anos, foi eleito neste domingo prefeito de São Paulo, devolvendo ao PT depois de oito anos o comando da cidade, que conta com o terceiro maior orçamento do país.

Como a presidente Dilma Rousseff, eleita em 2010 sem ter jamais concorrido a cargos públicos, Haddad, que também não havia concorrido a cargo eletivos, foi alçado ao primeiro escalão petista e às graças de Lula --responsável por sua escolha como candidato na capital paulista-- em consequencia do escândalo do mensalão, atualmente em julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Se Dilma ocupou a Casa Civil com a saída de José Dirceu, atingido em cheio com as denúncias de que chefiou um esquema de compra de apoio político, Haddad passou a comandar o Ministério da Educação, um dos maiores orçamentos federais, quando o então ministro Tarso Genro foi indicado para assumir a presidência do PT, em 2005, em meio à crise ética do partido.

Dali em diante, o professor de ciência política da USP, formado em direito e doutor em filosofia pela mesma universidade, entrou no radar político de Lula, que buscava nomes para pôr em prática sua ideia de oferecer um candidato novo aos eleitores paulistanos.

ESCÂNDALOS EM PAUTA

A estratégia pode ter sido um dos fatores que garantiram a vitória petista em meio ao julgamento do mensalão, que reavivou a maior crise ética do partido --o esquema de compra de apoio político durante o governo Lula-- e que serviu de munição aos adversários, que insistiram em ligar Haddad aos nomes do PT paulista condenados por envolvimento no escândalo.

A campanha adversária também foi pontuada por problemas na gestão na pasta da Educação. No ministério, Haddad enfrentou crises como irregularidades no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e polêmicas como a distribuição de material didático contra homofobia nas escolas públicas -- chamado pelos críticos de kit-gay--, que quase ameaçaram o lançamento de seu nome ao cargo.

Enquanto o segundo turno pareceu mais tranquilo para o candidato, que consolidou a dianteira já nas primeiras pesquisas de intenção de voto, o primeiro turno foi pautado por dificuldades no engajamento petista à campanha.

O ex-presidente Lula, por motivos de saúde, entrou mais tarde nas articulações políticas do que planejava, e a ex-prefeita Marta Suplicy, preterida na escolha como candidata, só se engajou na reta final do primeiro turno, depois de acertada sua ida para o Ministério da Cultura.

Até mesmo a presidente Dilma preferiu centrar sua ajuda em aparições no programa partidário de TV, participando de um único comício no primeiro turno, mas retornou ao palanque de Haddad na reta final antes da votação deste domingo.

EXPERIÊNCIA E DESAFIO

Antes de assumir o Ministério da Educação, o petista trabalhou na secretaria de Finanças e Desenvolvimento da prefeitura de São Paulo na gestão de Marta Suplicy (2000-2004), foi assessor especial do Ministério do Planejamento e secretário-executivo da pasta da Educação. Teve ainda, antes de ocupar cargos públicos, uma passagem pelo sistema financeiro, como analista de um banco em São Paulo.

Haddad começou a campanha com apenas 3 por cento das intenções de voto e com o desafio de se tornar conhecido na cidade, em especial nas periferias, onde era um desconhecido ao lado de figuras petistas tradicionais.

Com a tarefa de governar a cidade de maneira a projetar o PT como partido viável para a corrida ao governo do Estado em 2014, provavelmente com outro candidato a ser apontado por Lula, Haddad se torna neste domingo não só o prefeito eleito de São Paulo, mas uma das novas lideranças nacionais da sigla.

Esta será a terceira vez que o PT comandará a capital paulista. A primeira foi com Luiza Erundina, hoje no PSB, eleita em 1988. A segunda foi com Marta Suplicy, eleita em 2000, mas que não conseguiu garantir a reeleição --sina que o PT, já de olho em 2016, espera que Haddad consiga reverter.

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