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Política

Após demissão, Cid Gomes admite que criou "dificuldades"

Ministro, que atacou os deputados em sessão na Câmara, disse que criou “situação de indisposição” com a base do governo; ele defendeu a presidente Dilma e a agradeceu

18 mar 2015 - 19h08
(atualizado às 20h16)
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<p>O ministro da Educação, Cid Gomes, deixa o Congresso Nacional após desentendimento com deputados, em Brasília, nesta quarta-feira (18)</p>
O ministro da Educação, Cid Gomes, deixa o Congresso Nacional após desentendimento com deputados, em Brasília, nesta quarta-feira (18)
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Ao explicar seu pedido de demissão, o ministro da Educação, Cid Gomes, disse que sua postura na Câmara dos Deputados na tarde desta quarta-feira “cria dificuldades” para a base do governo. Cid pediu demissão à presidente Dilma Rousseff (PT) depois de atacar o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e dizer que parlamentares “oportunistas” da base do governo deveriam “largar o osso”.

“A minha declaração, e mais do que ela, a forma como eu coloquei a minha posição na Câmara, é óbvio que cria dificuldades para a base do governo. Portanto, eu não quis criar nenhum constrangimento e pedi demissão, em caráter irrevogável, agradecendo a ela (Dilma)”, disse Cid enquanto deixava o Palácio do Planalto.

“Já falei com ela. Eu disse para ela que lamentava muito, que tinha muito prazer (no trabalho). Disse que acreditava nela e continuo acreditando. Continuo confiando na presidente Dilma. Agora, a situação, a minha presença no ministério ficou em situação de indisposição com boa parte da base que apoia o seu governo”, completou o ministro.

De acordo com o ministro, não houve “margem” para que a presidente insistisse na sua manutenção no cargo. “Eu não dei margem para isso. Disse ‘presidenta, lamento muito, agradeço, mas estou aqui entregando o cargo’”, afirmou. Em nota, o Planalto disse que Dilma "agradeceu a dedicação" de Cid à frente da pasta, que será ocupada interinamente pelo secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa.

“Achacadores”

Cid foi à Câmara prestar esclarecimentos sobre uma declaração que deu na Universidade Federal do Pará de que haveria entre 300 e 400 deputados federais “achacadores” – para ele, esses parlamentares apostam na fragilidade do governo para ganhar vantagens. Hoje, Cid pediu desculpas a quem tenha se ofendido, mas partiu para o ataque: apontando para Cunha, respondeu uma afirmação do peemedebista, que havia classificado o ministro como “mal-educado”. “Prefiro ser acusado de mal-educado que ser acusado de achaque”, disse no plenário.

Sobre as declarações, o ministro disse que “não podia agir diferente”. “Na situação em que eu me encontrei, sendo convocado pela Câmara e questionado de declarações que eu havia feito em local reservado, eu não podia agir diferente se não confirmar aquilo que disse, aquilo que penso pessoalmente”, afirmou. “Embora como ministro eu tenha sempre procurado ter uma relação respeitosa, é necessário, é imposição do cargo, pessoalmente eu falei a minha opinião.”

Corrupção

Aos jornalistas, Cid voltou a criticar os deputados e disse que os desdobramentos da Operação Lava Jato são responsáveis pelo desgaste entre Congresso e Planalto. Ele disse ainda que o combate à corrupção promovido pelo governo da presidente Dilma Rousseff causa “desconforto”.

“A meu juízo, ela tem as qualidades que são necessárias. Tem muito discurso de oposição, muita gente que fala em corrupção, isso parece ser uma coisa intrínseca ao governo, mas o que a Dilma está fazendo é exatamente limpar o governo de corrupção do passado. Essa crise é anterior a ela. É isso que fragiliza a sua relação com boa parte dos partidos”, afirmou.

“Você viu do PP quantos parlamentares recebiam mensalidade de um diretor da Petrobras? Isso era a base do poder, e ela está mudando isso. Isso, óbvio, causa desconforto”, concluiu.

Fonte: Terra
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