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Política

Aliados apoiam proposta de Dilma de reforma política; oposição aponta factoide

24 jun 2013 - 20h28
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A proposta da presidente Dilma Rousseff de convocar um plebiscito para realizar a reforma política agradou aos líderes dos principais partidos aliados, mas a oposição lembrou que Dilma já havia defendido uma mudança no sistema político do país ao tomar posse e não mobilizou sua ampla base aliada.

A presidente propôs o debate sobre a realização de um plebiscito durante a reunião nesta segunda-feira com governadores e prefeitos de capitais em que debateram o que fazer para responder à crescente onda de manifestações populares pelo país que já levaram milhões às ruas.

"Quero, nesse momento, propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita", propôs a presidente.

O líder do PMDB na Câmara, maior partido da coalizão do governo no Congresso, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que Dilma está indo "por um bom caminho" ao fazer propostas concretas e que a tendência do partido é apoiar suas propostas, que ainda terão que ser debatidas com os parlamentares.

"Sem dúvida é uma mudança de atitude (da presidente). Isso devia ser uma constante e não apenas em momentos de crise", afirmou à Reuters o peemedebista, que tem oferecido resistência às propostas do governo recentemente.

Apesar da declaração de apoio de Cunha, um outro peemedebista disse à Reuters que o anúncio de Dilma sugerindo uma constituinte exclusiva para tratar da reforma política pegou de surpresa o partido e chegou a contrariar algumas de suas lideranças.

Segundo ele, que falou sob condição de anonimato, a reunião da executiva do partido convocada para terça-feira pode ser, inclusive, adiada para que não contamine o debate sobre a formação de palanques nos Estados.

O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), elogiou a disposição da presidente de se envolver no debate da reforma política. "Mas ela deveria convocar logo uma constituinte exclusiva, ela tem prerrogativas para isso", disse o socialista.

"Aliás, devia ser uma constituinte exclusiva para debater além da reforma política, a reforma tributária também", acrescentou.

Albuquerque criticou, porém, a falta de um pacto para a questão da segurança pública entre os pactos propostos pela presidente. Dilma propôs um acordo nacional com governadores e prefeitos por responsabilidade fiscal, saúde, mais recursos para educação e transporte público, além da reforma política.

"O PSB apoia os pactos, mas vai cobrar o pacto pela segurança", disse Albuquerque.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o partido apoiará as iniciativas lançadas pela presidente, mas acredita que o Congresso poderá ampliar essa pauta sugerida por Dilma, incluindo por exemplo a reforma tributária.

Segundo ele, a reforma política deve envolver o debate sobre o financiamento público, aumentar as possibilidades para consultas populares, incluir a fidelidade partidária como cláusula pétrea da Constituição e modificar o sistema eleitoral.

Já o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que a presidente está fazendo uma "proposta oca".

"Quando ela assumiu, veio ao Congresso e fez um discurso dizendo que apoiaria a reforma política e depois não deu um pio sobre isso", argumentou o tucano, lembrando do discurso de posse de Dilma.

"Ela tem que dizer o que pensa sobre os problemas do país, ao invés de ficar falando factoides", criticou o senador.

Segundo ele, a presidente está fazendo isso para "jogar areia nos olhos dos brasileiros" e está "jogando suas responsabilidades sobre as costas dos outros, decretando a falência do seu governo", disse.

(Reportagem de Jeferson Ribeiro)

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