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Polícia

Volume de álcool em jovem morto era "absurdo", diz delegado

Quantidade, de 4,6 g de álcool por litro de sangue, é quase oito vezes maior do que a máxima prevista na legislação de trânsito; estudante da Unesp morreu durante uma festa open bar há pouco mais de um mês

31 mar 2015 - 18h50
(atualizado às 19h14)
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<p>Humberto morreu após o consumo excessivo de bebida alcoólica</p>
Humberto morreu após o consumo excessivo de bebida alcoólica
Foto: Facebook / Reprodução

O delegado que investiga a morte do estudante de engenharia elétrica da Unesp Humberto Moura Fonseca, 23 anos, durante uma festa “open bar” há pouco mais de um mês em uma chácara de Bauru, no interior de São Paulo, divulgou detalhes do caso em entrevista coletiva à imprensa nesta terça-feira. O inquérito segue sob segredo de Justiça.

Segundo Kleber Granja, o exame toxicológico feito pelo Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo apontou que Humberto tinha 4,6 gramas de álcool por litro de sangue. “É uma quantidade absurda. Na minha carreira eu nunca vi essa dosagem. Para se ter uma ideia, oferecemos como parâmetro o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro que prevê como crime de condução de veículo automotor por motorista sob efeito de álcool etílico quando a concentração é de 0,6 gramas por litro de sangue. Ou seja, em contraponto com a legislação de trânsito nós temos um consumo de bebida quase oito vezes maior”, afirmou.

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Vídeo mostra competição que terminou em morte de aluno em SP:

O laudo apontou ainda que o jovem não consumiu nenhum tipo de entorpecente, apenas bebida alcoólica. A Polícia Civil encaminhou ao poder Judiciário um pedido para que o prazo para conclusão do inquérito seja ampliado em mais 90 dias. Desde o início das investigações 30 pessoas foram ouvidas, sendo que 14 são diretamente investigadas.

“São dois organizadores do evento autuados em flagrante delito. Seis auxiliares de organizadores do evento, também acadêmicos da Unesp, que são pessoas que auxiliaram na organização e no transcurso do evento, particularmente na prova de consumo de bebida alcoólica que resultou na morte e nas lesões corporais. Dois sócios-proprietários de uma empresa produtora de eventos contratada pelos organizadores para prestação de serviços relacionados com primeiros socorros, brigadistas e remoção com ambulância. Quatro membros integrantes da equipe de primeiros socorros, brigadista e de remoção de ambulância”, detalhou.

Luiz Guilherme Scafi Menegatti, 22 anos, e Gabriel Juncal Prudente, 25, também alunos da Unesp e apontados como organizadores do evento chegaram a ser presos após a morte do estudante, mas foram beneficiados por alvarás de soltura expedidos pela Justiça horas depois. “Das pessoas investigadas, seis ainda serão ouvidas. Inclusive nós vamos estar, num momento oportuno, já de posse de todos os laudos periciais, trazendo novamente para reinquirição os organizadores do evento”, informou.

O delegado descarta a reconstituição do ambiente onde ocorreu a morte do estudante e afirmou que este procedimento só é feito quando há dúvidas sobre o caso. “Nós não temos dúvida alguma desse andamento até porque temos imagens flagranciais do que aconteceu. Naquela madrugada mesmo trabalhamos junto com o perito criminal com uma testemunha presencial e ela nos fez uma parcial reprodução simulada dos fatos e isso inclusive está agregado ao laudo pericial”.  

Ele destaca ainda que a investigação visa apurar por que não foram impostos limites ao consumo de bebida alcoólica, principalmente durante a realização de uma das competições, denominada “shot por minuto”. Na ocasião, um membro de cada república se sentava em uma mesa e eram servidas doses de 50 ml de vodca de forma cronometrada. Ganhava quem aguentasse beber mais doses e ficasse por último na mesa.

“Durante o evento as competições relacionadas ao consumo de bebida alcoólica tinham limites estipulados, de forma dosada e controlada. Porém, decide-se trocar uma das provas e estipularam essa ‘shot por minuto’. Não se preocupou em momento algum em se trazer um socorrista, um auxiliar de enfermagem, um médico, um brigadista, um paramédico para trazer um limite para essa prova. Esse é o ponto exato que a investigação quer apurar. Por que não houve essa previsibilidade. Não advertiram os participantes de que essa ingestão maciça de bebida alcoólica, de vodca a 38% de concentração, poderia trazer graves consequências à saúde dos participantes”, ponderou o delegado.

Sobre a possível venda e uso de drogas durante a festa, Granja afirma que não são objetos da investigação.

Fonte: Especial para Terra
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