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Polícia

Vítima: 'Tenho que usar calça jeans para não ser assediada?'

Desabafo é de uma das 26 vítimas de encoxadores presos nos trens de São Paulo. Vendedora de 25 anos foi apalpada por baixo do vestido

25 mar 2014 - 07h26
(atualizado às 07h29)
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O último dos 26 casos de assédio registrados pela Polícia Civil de São Paulo em trens do sistema público de transporte aconteceu na última sexta-feira na estação da Sé - a mais  movimentada de uma malha por onde passam diariamente, entre Metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), cerca de 7,5 milhões de usuários por dia. A vítima, uma vendedora de 25 anos, contou que estava em um vagão superlotado, de vestido, quando sentiu que um homem se aproveitou da vestimenta dela para atacá-la.

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Dois passageiros que viram a abordagem testemunharam em favor dela à Polícia Civil. No boletim de ocorrência, o registro: "O indivíduo passou a mão nos órgãos genitais da declarante, pressionando-a, contra outros passageiros, se aproveitando da superlotação".

Abalada pelo episódio, a vítima pediu para não ser identificada. Leia o relato da vendedora ao Terra:

Fiquei muito constrangida com isso tudo. Mas digo: todas as mulheres que passarem pelo mesmo que eu têm que denunciar, não podem ficar com receio. Foi uma sensação horrível, e o metrô, para "ajudar", estava superlotado. Essa condição do transporte, por si só, já é uma falta de consideração com a gente.

Quando percebi o que estava se passando, gritei e, graças a Deus, dois rapazes me ajudaram. Eu estava de vestido, e nem era um vestido curto: vinha até o joelho! A gente não pode nem andar mais do jeito que a gente quer? Tenho que usar calça jeans para não ser assediada? Pois bem, estou usando, mesmo com calor. Porque tenho medo, não estou bem, não consegui ficar em paz diante dessa situação.

O agressor disse que eu era "louca", e essa atitude dissimulada dele me causou ainda mais revolta. A pessoa tem que ter vergonha na cara e assumir suas atitudes, eu penso. E olha: todas que passarem por isso têm não só que denunciar, mas que ir até o fim, na Justiça. Posso faltar ao serviço, mas vou a audiência no Fórum, porque quero ver esse sujeito pagar por esse crime.

Irônico é que um dia antes, eu tinha visto na TV o caso da mulher atacada pelo homem que ejaculou nela. Aquilo já tinha me dado uma revolta enorme, fiquei péssima - e no dia seguinte aconteceu comigo.

Não vou deixar de usar metrô, nem posso deixar de usar. Mas uso apavorada, sempre rezo antes de sair - hoje pedi até para uma amiga me acompanhar. Isso é justo? Não, né?

E esse abusador é casado. Vi a decepção na cara da mulher dele quando ela foi à delegacia. Ele é um dissimulado.

Espero não passar mais por isso, mas, se passar, denuncio de novo.

Fonte: Terra
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