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Vídeos levantam hipótese de que PM infiltrado atacou policiais em protesto

24 jul 2013 - 08h24
(atualizado às 08h24)
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Vídeos divulgados nesta terça-feira nas redes sociais sobre o protesto da última segunda-feira no Rio de Janeiro serão investigados pelo Ministério Público. Nas cenas, suspostos policiais do serviço reservado (P-2) da Polícia Militar aparecem infiltrados na manifestação em Laranjeiras durante a recepção ao papa Francisco. Segundo informações publicadas no jornal O Globo, são homens fortes, com cortes de cabelo do tipo militar, transitando com facilidade pelas barreiras policiais. Três deles se destacaram na internet: no primeiro divulgado pela própria PM, um homem de camiseta preta, com estampa no peito e tecido claro escondendo o rosto, lança um dos primeiros coquetéis molotov arremessados durante o conflito entre manifestantes e policiais.

No segundo vídeo, dois supostos policiais passam pela barreira policial e, ao serem interceptados por soldados, mostram documentos e são liberados. Um desses homens veste camiseta preta com estampa parecida com a do manifestante da gravação anterior. No terceiro, um outro homem, com roupa parecida, corre com os policiais e aponta para um manifestante, que é derrubado e chutado. Mais tarde, a mesma pessoa tira a camiseta e cruza a barreira policial. A PM reconhece o uso de agentes da P-2 nos protestos e diz que eles filmam as manifestações, coletam provas e efetuam prisões. Em nota, a corporação informou ainda que “não há a menor dúvida” de que “não partiu de qualquer profissional da PM o ataque à tropa”. A Polícia Militar acrescenta não ser possível dizer que as pessoas filmadas seguindo rumo à tropa são do serviço de inteligência e que o vídeo postado pela corporação foi retirado devido a “um ataque em massa” contra ele.

Protestos contra tarifas 

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas. 

Fonte: Terra
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