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Polícia

vc repórter: sátira de protestos vira caso de polícia no MS

O filho do prefeito de Porto Murtinho registrou um B.O. após ser ameaçado por pessoas que se revoltaram com um vídeo publicado por ele; policial explica como funcionam as investigações em casos como este

19 mar 2015 - 12h05
(atualizado às 13h06)
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Marcelo Heitor Silvestre dos Santos, filho do prefeito de Porto Murtinho (MS), Heitor Miranda dos Santos, ficou famoso na internet após a divulgação de um vídeo onde ele satiriza as manifestações contra o governo realizadas em todo o Brasil, no último domingo (15). A brincadeira gerou revolta entre os que integraram ou apoiaram os protestos. Após receber ameaças, o autor da filmagem registrou um Boletim de Ocorrência em Campo Grande, por temer represálias.

Filho de prefeito satiriza protestos do dia 15/3 no MS:

O vídeo foi publicado nas redes sociais e, rapidamente, se espalhou. Em seu perfil no Facebook, Marcelo recebeu diversos comentários com críticas à sua postagem.

Comentários feitos em uma das fotos de Marcelo no Facebook
Comentários feitos em uma das fotos de Marcelo no Facebook
Foto: Facebook / Reprodução

Na manhã da última terça-feira, Marcelo registrou um Boletim de Ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande. No documento, que vazou na internet, ele aponta que foi alvo de ameaças (“eu sei onde você mora, onde sua filha estuda, sua esposa”, “por muito menos, pessoas já tiveram seus veículos incendiados, bem como suas residências”) e injúrias (“você é um cherador (sic.) de cocaína, viado, drogado”). A vítima solicitou que a polícia tomasse as medidas cabíveis, “pois teme pela sua integridade física e de seus familiares”.

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Procurada pelo Terra, a Polícia Civil da cidade confirmou que o B.O. que tem circulado pelo mundo virtual é verdadeiro, mas disse não saber como o documento vazou para a internet. Questionados sobre a possibilidade de Marcelo receber proteção policial, os agentes explicaram que este tipo de serviço é voltado apenas para casos enquadrados na Lei Maria da Penha, sobre violência doméstica. Em casos com o de Marcelo, a vítima é orientada a entrar em contato novamente, caso haja outra ocorrência.

A autoridade policial informou ainda que, apesar de não haver uma delegacia específica para combater crimes de internet, este tipo de investigação acontece em todos os distritos da cidade, onde os acusados são chamados para prestar depoimentos.

Michel Neves, investigador de polícia especialista em segurança da informação, esclareceu que, as autoridades só podem entrar em ação contra este tipo de crime quando há uma queixa registrada pela vítima. Feita a representação, a investigação será iniciada. “Há uma metodologia específica para cada rede. Se for pelo WhatsApp, é de um jeito. Se for pelo Facebook, é de outro. Quando é uma ameaça por e-mail, por exemplo, vamos atrás do IP para descobrir de que máquina saiu. O fogo é procurar quem foi a primeira pessoa que postou a ameaça. Geralmente, toda pessoa que navega usa um número de IP. Acabamos chegando na residência dela, ou no ponto de acesso, aí partimos para a investigação não virtual”, explicou.

Sobre o caso de Marcelo, o investigador alertou para o falso anonimato nas redes. “Tudo o que se faz na internet deixa rastro. Hoje, há a Lei Carolina Dieckmann, mas ameaça, injúria, enfim, crimes contra a honra já eram previstos pelo Código Penal. Há mecanismos suficientes para identificar o autor e penalizá-lo legalmente”, disse.

Michel afirmou também que é preciso ser consciente ao publicar conteúdos. “As pessoas, em geral, se descuidam com redes sociais. Esse vídeo foi divulgado pelo WhatsApp, provavelmente, e ganhou o Brasil inteiro. As pessoas têm que ter mais consciência de que a internet potencializa o público. Isso tende a gerar revolta. Você acaba aumentando o seu público e pode sofrer represálias. O mesmo vale para quando você faz uma ameaça pública no Facebook, ou envia por WhatsApp. Você está tornando maior. Se for para uma figura pública, ou algo sobre um assunto polêmico, a tendência é se espalhar”, finalizou.

O leitor Elvis, de Campo Grande (MS), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.

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