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Polícia

vc repórter: grupo protesta contra mortes de mulheres em GO

Segundo uma das organizadoras do ato, muitas pessoas deixaram de participar do protesto porque estão com medo de sair de casa. “As mulheres em Goiânia estão apavoradas”, disse

10 ago 2014 - 14h29
(atualizado em 5/12/2014 às 15h58)
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Um grupo de manifestantes se reuniu no último sábado, em frente à sede do governo de Goiás, no centro de Goiânia, para protestar contra o assassinato de ao menos 12 mulheres por motociclistas na cidade, nos últimos meses. De acordo com Alessandra Nardini, uma das organizadoras do evento, o ato foi pacífico e marcado pela profunda comoção dos familiares das vítimas.

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A manifestação aconteceu na Praça Cívica, na região central da cidade. Alessandra afirmou que o objetivo da ação era cobrar do estado mais segurança e uma resposta sobre a autoria desses crimes. A professora universitária disse ainda que o protesto foi propositalmente pacífico, para evitar que a pressão gere uma solução precipitada. “A gente tem que tomar cuidado para que não nos apresentem uma pessoa que, talvez, não seja criminosa. A preocupação de manter o protesto pacífico é, justamente, para não aparecer um bode expiatório, como aconteceu no Guarujá”, explicou.

Na pagina do evento no Facebook, os organizadores informam que a manifestação aconteceu no sétimo dia do falecimento da jovem Ana Lídia de Sousa, uma das vítimas da série de assassinatos. Apesar de 36,1 mil pessoas terem confirmado presença, a educadora afirmou que o ato no centro contou com cerca de 3 mil participantes. Alessandra acredita que o medo impediu muitos de irem ao local. “As pessoas estão com medo de sair na rua”, afirmou. A professora disse ter recebido diversas mensagens de pessoas dizendo que gostariam de ir, mas estavam com receio.

<p>Familiares de vítima participam do protesto na Praça Cìvica</p>
Familiares de vítima participam do protesto na Praça Cìvica
Foto: Facebook / Reprodução

Ainda que o número tenha sido reduzido, em relação ao que estava previsto na rede social, Alessandra considerou a qualidade do protesto muito satisfatória e destacou a participação das famílias. “Os familiares das vítimas compareceram em massa. Acho que essas pessoas, até então, não tinham se sentido tão acolhidas. Choraram muito. Imagina várias mães que perderam as filhas reunidas? E aconteceu perto do Dia dos Pais, também. Um dos pais falou muito emocionado. Não foi um protesto feliz, foi um protesto muito triste, de luto”, relatou.

Alessandra acrescentou ainda que a ação foi acompanhado por muitos policiais militares, que surpreenderam os manifestantes com sua atitude. A educadora afirmou que os agentes estavam no local para garantir a segurança da sede do governo, porém, fizeram questão de demonstrar seu apoio ao ato. “Colocaram faixas brancas pela paz nos braços, seguraram rosas e demonstraram uma boa vontade imensa com as pessoas ali”, exaltou.

A ideia de organizar a manifestação partiu de um grupo de pacifistas que realiza diversos trabalhos com o objetivo de enfrentar a violência. Integrante do coletivo e especialista em criminologia, a professora afirmou que já passa de 30 o número de mulheres mortas na capital goiana em 2014. Os dados policiais informam que são 12 os crimes ocorridos de forma semelhante na cidade desde o início do ano. “A polícia vincula os casos a perfis diferentes. Na verdade, são 18 que se enquadram no perfil de um possível serial killer. Isso se tornou um desafio para a polícia. Os representantes da Secretaria de Segurança Pública negam, eles acham que o autor (dos assassinatos) não é o mesmo. Mas, conversei com policiais e alguns já disseram que acreditam que é”, contou.

De acordo com Alessandra, a série de crimes mudou a rotina das pessoas na cidade. “A situação está causando pânico, as pessoas estão com medo. A quantidade de alunas e mães de alunas (e de alunas que são mães também) que estão sofrendo depressão, ou síndrome do pânico é grande. As mulheres em Goiânia estão apavoradas”, disse.

Um novo protesto acontecerá na Praça Cívica, no próximo dia 30. Batizada como “Goiás quer paz!” em evento criado no Facebook, a manifestação está marcada para começar às 16h. A professora acredita que a tranquilidade do ato do último sábado deverá encorajar a participação de ainda mais pessoas dessa vez.

O leitor Edvaldo Ayala, de Goiânia (GO), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.

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