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Polícia

Tudo leva a crer que filho matou pais PMs e cometeu suicídio, diz delegado

Segundo colega, adolescente relatava plano de matar os pais para fugir de casa e viver como "matador de aluguel"

6 ago 2013 - 16h26
(atualizado em 7/8/2013 às 12h55)
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Casal de PMs, filho e mais duas pessoas foram encontrados mortos em casa
Casal de PMs, filho e mais duas pessoas foram encontrados mortos em casa
Foto: Reprodução / Futura Press

A Polícia Civil de São Paulo dá como "praticamente certa" a hipótese de que o casal de policiais militares Luis Marcelo Pesseghini, 40 anos, e Andreia Regina Bovo Pesseghini, 35 anos, foram mortos pelo filho, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, que teria cometido suicídio posteriormente. Segundo o delegado Itagiba Franco, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o adolescente vinha externando a um amigo um plano de fugir de casa e se tornar um "matador de aluguel".

Além dos três, também foram mortas Benedita Oliveira Bovo, 65 anos, e Bernardete Oliveira da Silva, 55 anos - respectivamente, avó e tia-avó do adolescente. "Pelo que apuramos, parece que está se comprovando e tudo leva a crer que o filho, Marcelo, foi o autor da morte dos pais e dos parentes próximos", disse Franco.

O delegado citou o depoimento de um dos colegas de Marcelo, que relatou à polícia os planos do adolescente. "O garoto afirmou: (Marcelo) sempre me chamou para fugir de casa, queria ser matador de aluguel. Tinha um plano: matar os pais de noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um lugar abandonado", afirmou o delegado.

Tudo leva a crer que garoto matou os pais, diz delegado:

"Lamentavelmente, é um drama familiar, no nosso entender", disse o delegado, relatando que o colega que prestou o depoimento é apontado como o único amigo próximo de Marcelo. Questionado sobre as motivações para o crime, Franco respondeu: "vai saber o que se passava na cabeça dele?".

Ao final da entrevista, o delegado foi questionado, na condição de pai e avô, que orientação ele passaria a outros policiais em relação à exposição de suas famílias ao uso de armas de fogo. "Orientação, conversa, são as bases ideais para isso. Quem é policial, sabe. Sofremos pra caramba para manter uma arma distante de filho, de esposa, de qualquer pessoa ligada a nós. É ocultar a arma, deixar num local escondido, mas eu acho que a principal é conversar e orientar", sugeriu.

Para delegado, caso não é "homicídio casual"

Durante a entrevista, Itagiba Franco deu detalhes das primeiras horas de investigação. Segundo o delegado, desde o início havia indícios de que não se tratava de um ataque externo à residência, após análise inicial de uma equipe especializada em chacinas. "Desde o primeiro momento, senti que algo não estava batendo. Não era um homicídio usual. Se envolvesse facções criminosas, (as vítimas) teriam acordado, teria sinais de submissão. E nada disso havia na cena do crime", explicou.

Segundo o delegado, os corpos do casal e do adolescente foram encontrados no final da tarde de segunda-feira na sala da residência, enquanto a avó e a tia-avó de Marcelo estavam em um imóvel anexo. O PM e as idosas aparentavam tranquilidade, enquanto o menino foi encontrado deitado de lado, sobre uma arma empunhada em sua mão esquerda, e a mãe foi encontrada de joelhos. "Isso tudo nos chamou a atenção. Não tinha sinais de reação dos PMs. Tudo se resumiu a algo particular, familiar", disse o delegado, que garantiu não ter "dúvida nenhuma" de que as vítimas estavam dormindo, à exceção da mãe de Marcelo.

Entre homicídios e suicídio, adolescente foi à escola

As investigações apontam que Marcelo teria matado a família entre a noite de domingo e as primeiras horas de segunda. Em seguida, teria dirigido o automóvel de sua mãe até a escola onde estudava, passando a noite no veículo. Pela manhã de segunda-feira, o adolescente assistiu à aula, retornando à casa pela tarde para se matar.

Segundo a Polícia Militar, vídeos gravados pelas câmeras mostram o carro da mãe de Marcelo sendo estacionado em frente ao colégio por volta da 1h15 da madrugada de segunda-feira. Porém, a pessoa que estava dentro do veículo só desembarca às 6h30 da manhã - o indivíduo usa uma mochila e tem altura compatível à do menino. Em depoimento, o melhor amigo do adolescente reconheceu que a pessoa que saiu do veículo era realmente Marcelo.

De acordo com o delegado Franco, a chave do veículo foi encontrada na mochila de Marcelo, o que reforça os indícios de que ele conduziu o automóvel. "Achamos que o garoto não conseguiria, mas o carro estava justamente nas proximidades da escola", afirmou. Uma das professoras de Marcelo prestou depoimento e disse que teve uma conversa com o menino, na qual ele a perguntou se ela já havia dirigido o carro dos pais quando era pequena, e se já havia atingido os pais de alguma forma.

Delegado lamenta "tragédia familiar"

Franco afirma que Marcelo foi apontado por familiares como um "excelente filho", e que queixava-se frequentemente da fibrose pulmonar, doença respiratória da qual sofria. "Ele vinha se preparando de forma silenciosa", relatou o delegado.

O delegado minimizou o fato de o exame residuográfico não ter detectado a presença de pólvora nas mãos de Marcelo, ao afirmar que não é uma perícia conclusiva. "É um exame falho, não é absurdo dar negativo", disse. Questionado sobre a grande precisão do atirador - cada vítima foi morta com apenas um tiro -, o delegado relativizou: "tem criança que atira normalmente", citando diversas armas de brinquedo que foram encontradas no quarto do adolescente.

Ainda de acordo com Franco, os policiais militares tinham uma "conduta respeitável" e foram vítimas de uma tragédia familiar.  Ao final da entrevista, o delegado foi questionado, na condição de pai e avô, que orientação ele passaria a outros policiais em relação à exposição de suas famílias ao uso de armas de fogo. "Orientação, conversa, são as bases ideais para isso. Quem é policial, sabe. Sofremos pra caramba para manter uma arma distante de filho, de esposa, de qualquer pessoa ligada a nós. É ocultar a arma, deixar num local escondido, mas eu acho que a principal é conversar e orientar", sugeriu.

Chacina de família desafia polícia em São Paulo

Cinco pessoas da mesma família foram encontradas mortas na noite de segunda-feira, dia 5 de agosto, dentro da casa onde moravam, na Brasilândia, zona norte de São Paulo. Entre os mortos, estavam dois policiais militares - o sargento Luis Marcelo Pesseghini, 40 anos, e a mulher dele, a cabo de Andreia Regina Bovo Pesseghini, 35 anos. O filho do casal, Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, 13 anos, também foi encontrado morto, assim como a mãe de Andreia, Benedita Oliveira Bovo, 65 anos, e a irmã de Benedita, Bernardete Oliveira da Silva, 55 anos.

Garoto teria revelado a amigo desejo de matar os pais:

A investigação descartou que o crime tenha sido um ataque de criminosos aos dois PMs e passou a considerar a hipótese de uma tragédia familiar: o garoto teria atirado nos pais, na avó e na tia-avó e cometido suicídio. A teoria foi reforçada pelas imagens das câmeras de segurança da escola onde Marcelo estudava: o adolescente teria matado a família entre a noite de domingo e as primeiras horas de segunda-feira, ido até a escola com o carro da mãe, passado a noite no veículo, assistido à aula na manhã de segunda e se matado ao retornar para casa.

Os vídeos gravados pelas câmeras mostraram o carro de Andreia sendo estacionado em frente ao colégio por volta da 1h15 da madrugada de segunda-feira. Porém, a pessoa que estava dentro do veículo só desembarcou às 6h30 da manhã. O indivíduo usava uma mochila e tinha altura compatível à do menino: ele saiu do carro e caminhou em direção à escola.

Fonte: Terra
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