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Polícia

Travesti é preso por matar namorado e incendiar favela em SP

17 set 2012 - 14h14
(atualizado às 16h57)
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Thiago Tufano
Direto de São Paulo

Policiais do 77º DP, de Santa Cecília, prenderam nesta segunda-feira o suspeito de ter incendiado a favela do Moinho na manhã de hoje, no centro da capital paulista. Segundo a polícia, o travesti Fidelis Melo de Jesus, 37 anos e conhecido como Eliete, teve um desentendimento com seu namorado, Damião de Melo, 38 anos, no início da manhã.

Segundo a delegada Aline Martins Gonçalves, resposável pelo caso, os dois homens brigavam por problemas com drogas quando Eliete teria ateado fogo em uma camiseta com um isqueiro. "Ele (Eliete) negou a principio que tenha colocado fogo no barraco, mas quando indaguei por que não tinha lesão nenhuma, ele não soube explicar". Com a ajuda de um botijão de gás, Eliete conseguiu fazer com que o fogo atingisse seu companheiro.

Neste momento, moradores ouviram gritos e foram até o o barraco, que estava trancado pelo lado de dentro, para ver o que estava acontecendo. "Uma das testemunhas mora na frente do barraco e ouviu o grito do Damião falando que estava pegando fogo. Os moradores então arrombaram a porta e o Fidelis, conhecido como Eliete, fugiu e entrou na viatura do Samu para se esquivar e não ser linchado", disse a delegada. Os médicos, sem saber de quem se tratava, levou o acusado para o Pronto Socorro (PS) da Barra Funda.

Já Damião morreu carbonizado. "Na hora que derrubou o barraco as chamas se alastraram, até porque existe muita fiação precária naquele local", afirmou Aline. A vítima não conseguiu sair do barraco. Damião já tinha duas passagens pela polícia por roubo e duas por furto e havia saído da cadeia a pouco tempo.

Após ser reconhecido, Eliete foi preso em flagrante pela polícia no próprio PS. De acordo com a delegada, ele vai responder por homicídio qualificado e incêndio doloso, quando se tem intenção.

"As testemunhas ouviram e comentaram que (eles) brigavam sempre com socos e tapas, ofensas, mas ele (Eliete) disse que estava dormindo. Ele imputou (culpou) a vítima, mas não foi o que aconteceu. Quando comecei a ouví-los (as testemunhas) entendemos que se tratava de um homicídio."

Foram enviadas 18 viaturas para combater as chamas e, após o controle dos focos de incêndio, foi iniciado o trabalho de rescaldo.

A comunidade fica em um local de difícil acesso, entre as linhas usadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). As chamas destruíram 80 moradias e deixaram 300 pessoas desabrigadas em uma área de 2 mil m², segundo a Defesa Civil da cidade.

Em dezembro de 2011, a mesma favela foi atingida por um incêndio de grandes proporções, que deixou uma pessoa morta. "Tanto esse incêndio (de hoje) como o anterior, em dezembro, os autores são usuários de droga, mas não existe nexo entre os dois incêndios. Temos uma suspeita no incêndio passado e a mulher já está sendo procurada", disse o delegado titular da delegacia, Marcos Casseb.

Este é o 34º incêndio de grandes proporções registrado em favelas da capital paulista desde janeiro deste ano, o 68º contabilizado pelos bombeiros. Em 2008, o Corpo de Bombeiros registrou 130 ocorrências e, em 2009, 122. Já no ano de 2010, 91 incêndios foram combatidos, enquanto, em 2011, houve 79 casos registrados.

Terra

Colaborou com esta notícia o internauta Caio Telles, de Sorocaba (SP), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

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