PUBLICIDADE

Polícia

Testemunhas dizem que PMs podem estar envolvidos em chacina de SP

23 nov 2012 - 16h37
(atualizado às 17h44)
Compartilhar

Amigos das três vítimas mortas a tiros dentro de um bar na noite da última quarta-feira no Jardim Boa Vista, zona sul da capital paulista, disseram que quatro policiais militares podem ter envolvimento na chacina. Segundo uma das testemunhas, cuja identidade será preservada, os PMs estavam nas imediações, mas não fizeram nada para impedir a fuga dos autores dos disparos - dois ocupantes de uma moto.

Josias Aparecido dos Santos é um dos presos por ligação com o PCC e tentativa de jogar telefones dentro de penitenciária no interior de SP
Josias Aparecido dos Santos é um dos presos por ligação com o PCC e tentativa de jogar telefones dentro de penitenciária no interior de SP
Foto: Cícero Affonso / Especial para Terra

Homicídios, estupros e roubos crescem em SP em 2012

Veja o mapa dos assassinatos em SP

Os quatro policiais que chegaram logo em seguida ao local do crime não ajudaram no socorro às vitimas e ainda teriam recolhido as cápsulas das balas. "Eles (policiais) estavam na avenida. Eles viram tudo. Os caras (ocupantes da moto) passaram por eles (policiais). Eles não fizeram nada, porque eles não quiseram. Eles vieram andando pela rua Albino Correia de Campos bem devagar, muito devagar. E nós gritamos para eles virem rápido, para socorrer e eles não quiseram", contou a testemunha à reportagem da Agência Brasil.

Essa testemunha relatou ainda que, após a chacina, que ocorreu por volta das 22h30, os quatro PMs entraram no bar para recolher as cápsulas dos tiros. "Eles (policiais) só foram lá, pegaram as cápsulas e foram embora. A única coisa que eles fizeram foi isso. Pegaram (as cápsulas) na cara de pau, na cara dura. Não tiveram vergonha", declarou.

Outros moradores da rua Albino Correia de Campos e amigos das vítimas confirmam que os policias militares que presenciaram a chacina se omitiram. "Eles ficaram de braços cruzados diante do crime", disse um outro vizinho.Um amigo dos mortos conta que precisou utilizar o próprio carro para levar as três vítimas mais graves ao hospital: a promotora de eventos Luciene Luzia Neves, 24 anos, o tapeceiro Alexandre Figueiredo, 38 anos, e o eletricista de automóveis Marcos Faustino Quaresma, 31 anos. Os três não resistiram.

Segundo ele, os policias militares recusaram-se a prestar socorro aos feridos. "Falamos para a polícia colocar (os baleados) no carro deles, eles não quiseram", disse. A testemunha contou que se indignou com a recusa. "Eles (policiais) estavam com nojo de sujar o carro deles? Meu carro está todo sujo de sangue, nem quero saber", revoltou-se.

Todas as testemunhas disseram ainda ter escutado muitos disparos naquela noite. "Ouvi muitos tiros. Chegamos (no bar) e vi que eram os meus colegas que estavam no chão. Cheguei com várias pessoas junto", declarou.

A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar para repercutir as acusações e foi informada que a corporação não recebeu denúncias referentes à suposta ação desses policiais. A assessoria declarou ainda, por meio de nota, que a Corregedoria de PM precisa receber, mesmo que de forma anônima, as acusações para que possa ser feita uma apuração circunstanciada.

Onda de violência

Desde o início do ano, ao menos 93 policiais foram assassinados no Estado. Desse total, 18 eram aposentados e três estavam em serviço. Além disso, o Estado continua a enfrentar um grande índice de violência. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, só na capital foram registrados 1.135 casos de homicídios dolosos entre janeiro e outubro, mais do que todo o ano de 2011. O mês de outubro foi o mais violento dos dois últimos anos na cidade, com 176 mortos. Em todo o Estado, foram 4.007 casos registrados desde janeiro.

Agência Brasil Agência Brasil
Compartilhar
Publicidade