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Polícia

Testemunha nega tortura, mas admite 'pressão' a vigia de Mizael

29 jul 2013 - 13h44
(atualizado às 14h08)
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<p>Promotor Rodrigo Merli afirma ter convicção de que Evandro Bezerra da Silva colaborou na morte da advogada</p>
Promotor Rodrigo Merli afirma ter convicção de que Evandro Bezerra da Silva colaborou na morte da advogada
Foto: Vagner Magalhães / Terra

O representante da OAB, Arles Gonçalves, primeira testemunha de acusação interrogada no caso de Evandro Bezerra da Silva, suspeito de ser cúmplice de Mizael Bispo no assassinato de Mércia Nakashima, em maio de 2010, afirmou nesta segunda-feira não ter havido tortura por parte dos policiais no momento do depoimento. “Na minha frente ele nunca falou sobre tortura”, disse Arles.

Veja como funciona o tribunal do júri

A Ordem dos Advogados do Brasil colocou um representante no caso já que se tratava da morte de uma advogada em que o suspeito de assassinato, Mizael Bispo, também era advogado. O júri popular do vigia começou com um atraso de quase três horas nesta segunda-feira, no Fórum de Guarulhos, em São Paulo. Ele é acusado de ter colaborado com a fuga de Mizael Bispo, condenado em 14 de março a 20 anos de prisão pela morte da ex-namorada Mércia.

A acusação sustenta que Evandro não teve participação direta na morte, mas que sabia que Mizael tinha a intenção de cometer o crime. Porém, a defesa do vigia alega que ele confessou ter participado do crime sob tortura. Mércia foi vítima de disparos de arma de fogo e lançada, no interior de seu veículo, dentro de uma represa no município de Nazaré Paulista, na Grande São Paulo.

“Na minha frente ele (Evandro) nunca falou sobre tortura. Se tivesse falado eu teria tomado uma providência. Além disso ele não tinha nenhuma marca visível no corpo”, afirmou Arles, respondendo à pergunta da juíza Maria Gabriela Riscali.

Após 20 minutos de perguntas da juíza, foi a vez do promotor Rodrigo Merli questionar Arles sobre a possível tortura sofrida por Evandro. “Quando você interroga, é claro que você força nas perguntas e a pessoa responde. Isso dentro da legalidade. Os policiais são um pouco incisivos, aí você fala que o interrogado está mentindo e ele acaba falando.

Quando o advogado de defesa Aryldo de Oliveira de Paulo tomou a palavra para fazer os questionamentos, também preferiu perguntar sobre o fato de ter afirmado que havia sido torturado. Aryldo perguntou se Arles se recordava de que os interrogadores disseram que o juiz do caso não iria acreditar em seu depoimento e que iria “f... o réu”, no caso Mizael.

“Esta manifestação foi apenas no final. Se tivesse sido feita no início eu interviria, mas como foi no final...”, disse Arles, confirmando que Evandro foi pressionado.

Ao todo, 10 testemunhas serão ouvidas no julgamento que deverá se estender até quarta-feira.

O caso

A advogada Mércia Nakashima desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos, e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela foi ferida a tiros, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

Ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima). Em 14 de março deste ano, Mizael foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Mércia. 

A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local. Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. 

Fonte: Terra
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