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Polícia

SP: policiais recebiam R$ 300 mil por ano para facilitar tráfico, diz MP

Operação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira sete policiais suspeitos de colaborar com traficantes

15 jul 2013 - 17h09
(atualizado em 16/7/2013 às 11h38)
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O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, Amauri Silveira Filho, confirmou a informação de que policiais presos nesta segunda-feira recebiam de R$ 200 mil a R$ 300 mil por ano mais mensalidades ainda não divulgadas para facilitar o tráfico de drogas no Estado de São Paulo. Uma operação foi realizada na manhã de hoje com o cumprimento de sete dos 13 mandados de prisão e três de busca e apreensão expedidos em Campinas e na capital paulista. A operação é resultado de uma investigação sobre crimes de roubo, extorsão mediante sequestro, tortura e corrupção envolvendo policiais civis.

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Porém, segundo Silveira Filho, o esquema deve ser ainda maior e dezenas de policiais devem estar envolvidos. "Toda vez que há contato entre o policial e o criminoso e isso não é feito de acordo com a lei, ele se torna nefasto. Na medida em que o criminoso sabe que está sendo monitorado, a partir daí ele muda sua rotina, muda fornecedor, telefone, etc. Treze mandados foram expedidos, mas vários policiais estão envolvidos", afirmou.

De acordo com o MP, os policiais envolvidos tentaram forjar evidências, comprometer vítimas e testemunhas. "Tivemos que procurar o judiciário e solicitar prisão temporária de alguns policiais para que as investigações prosseguissem", disse Amauri. "(As prisões) vão permitir que as investigações sigam de maneira serena, permitindo que seja dosada de maneira precisa a exata a responsabilidade de cada um dos policiais", completou.

Segundo o promotor do Gaeco, a investigação foi instaurada com o objetivo de desmantelar uma facção criminosa e que o traficante Andinho, que já está preso, era um dos alvos da polícia. Porém, durante as investigações, policiais passaram a ser suspeitos por conta de vazamento de informações. Amauri revelou ainda que um dos sócios do traficante Andinho, que atuava na região de Campinas, também foi preso na tarde desta segunda-feira, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, suspeito de articular para impedir as investigações contra os policiais.

"É uma investigação instaurada em outubro de 2012, cujo objetivo era atuação de traficantes de Campinas. No curso desse trabalho foi detectado indicativo de desvios de conduta por parte dos policiais. Os fatos foram imediatamente comunicados. Ao longo dos últimos meses direcionamos os esforços a duas frentes, uma delas sobre o tráfico em grande parte de Campinas e na outra para identificar quais foram os desvios e quem seriam os policiais envolvidos", explicou.

O promotor deu indícios de que as investigações detectaram o vazamento de informações a partir da quebra de sigilos telefônicos, mas não deu maiores detalhes da apuração. Dos 13 policiais investigados, 11 atuam em São Paulo e dois em Campinas. Todos os seis agentes que ainda não foram capturados trabalhavam na capital.

O delegado geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck, afirmou que, por conta do fato que desencadeou a prisão de vários policiais, o Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) passará por uma grande reestruturação. Um dos delegados detidos, Clemente Castilhone Junior, é o supervisor da unidade de investigações do Denarc.

"Em razão disso, teremos na quarta-feira, com o secretário de Segurança e com o Denarc uma reunião no sentido de verificar a reestruturação e modernização do Denarc. Os procedimentos serão revistos diante não só deste fato, mas por se tratar de um departamento com 25 anos de existência. Há necessidade de ajustes", afirmou Blazeck. 

Fonte: Terra
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