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Polícia

SP: Justiça manda prender dono de arsenal de R$ 1 milhão

5 dez 2012 - 12h57
(atualizado às 13h09)
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Chico Siqueira
Direto de Araçatuba

A Justiça de Araçatuba, a 530 km de São Paulo, acatou uma denúncia do Ministério Público (MP) contra o ex-diretor do Núcleo de Perícias Criminalísticas Sadraque Cláudio e o advogado e professor de Direito Jorge Napoleão Xavier, acusados de receberem propinas para fraudar laudos de provas em munições e acessórios de armas apreendidas pela polícia numa mansão do condomínio de luxo Serra Dourada, na cidade.

No começo deste ano, foram recolhidas pistolas, revólveres, espingardas e 21 fuzis e metralhadoras de uso proibido
No começo deste ano, foram recolhidas pistolas, revólveres, espingardas e 21 fuzis e metralhadoras de uso proibido
Foto: Chico Siqueira / Especial para Terra

Em 21 de março deste ano, a polícia apreendeu cerca de 90 armas - entre elas 21 fuzis e metralhadores e milhares de munições e outros acessórios -, avaliadas em mais de R$ 1 milhão. O dono das armas, o eletricitário Marco Antônio Ribeiro Girão, posteriormente acusado pela polícia por manter um esquema de fraude de relógios de energia elétrica, teve a prisão preventiva decretada pelo juiz auxiliar da 3ª Vara Criminal, José Daniel Dinis Gonçalves, e está foragido.

A mulher de Girão, Adriana Girão, e o pai dele, Jurandir Girão, também foram denunciados. O advogado vai responder processo por corrupção passiva; o ex-diretor do Núcleo de Perícia responderá por corrupção passiva, fraude processual e falsas perícias, e Marco Girão, Jurandir e Adriana vão responder por corrupção ativa.

Em depoimentos, o advogado e o ex-diretor negaram as acusações. Os defensores dos acusados não quiseram falar com a imprensa antes da citação dos seus clientes. Sadraque foi afastado pela Justiça, a pedido do MP, do cargo de diretor do núcleo, mas continua como perito estadual. As denúncias, baseadas em investigações e interceptações telefônicas feitas pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil, revelam que Marco Girão e seu pai convenceram Sadraque a fraudar testes feitos com munições e silenciadores que estavam em poder da perícia.

Isso porque, durante as investigações, Girão conseguiu documentos que o autorizavam, como colecionador e armeiro, a manter a maioria das armas em sua casa, mas não obtinha autorização para possuir as 99 munições de ponto 50, usadas em baterias anti-aéreas, e dois silenciadores, de uso exclusivo das forças armadas, apreendidos na operação. Ainda durante as investigações, a polícia também descobriu que Girão liderava um esquema de fraude em relógios de energia elétrica, com qual a quadrilha lucrava em torno de R$ 300 mil por mês de consumidores, que não queriam pagar a conta de eletricidade correta.

Propinas de R$ 50 mil

Segundo a denúncia, a propina a ser paga seria de R$ 50 mil. Transcrições de interceptações, feitas em 25 de julho e anexadas na denúncia, revelam que Jurandir e Sadraque Cláudio se encontraram para o acertar o pagamento de propina, na qual o advogado Napoleão Xavier seria encarregado de receber o dinheiro para repassá-lo ao então diretor do Núcleo de Perícias.

Outras interceptações sugerem que o dinheiro seria dividido com outros peritos, mas a polícia acredita que a propina ficaria toda com Sadraque Cláudio e Napoleão Xavier. Fitas de vídeo do circuito interno do escritório do advogado apreendidas pela polícia mostram, segundo os promotores, que o pagamento da propina foi parcelado e que Marcos Girão teria pago, efetivamente, R$ 30 mil dos R$ 50 mil acertados. As imagens, segundo a denúncia, mostrariam Marco Antônio Girão, Jurandir e Adriana, levando o dinheiro para o advogado em dias alternados.

Fonte: Especial para Terra
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