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Polícia

SP: estudante agredido em trote violento pode perder visão

Polícia Civil abriu inquérito para apurar as agressões; na segunda-feira, uma jovem de 17 anos teve as pernas queimadas por ácido também durante trote

5 fev 2015 - 16h58
(atualizado às 16h59)
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O estudante de engenharia ambiental Caio Eduardo Castilho, de 18 anos, teve a córnea do olho esquerdo lesionada e pode perder a visão, por conta das agressões sofridas durante trote violento, em uma faculdade de Adamantina, no interior de São Paulo.

Foi o segundo caso desse tipo de trote praticado contra calouros das Faculdades Adamantinense Integradas (FAI) na volta às aulas, na segunda-feira. No mesmo dia, a estudante Nathália de Souza Santos, de 17 anos, teve as pernas queimadas por ácido no trote praticado contra a turma de Pedagogia.

Caio, que mora em Tupã, cidade próxima a Adamantina, contou que, ao descer do ônibus, foi abordado junto com outros calouros em um terreno na frente da escola. “Primeiro, eles nos separaram por turma e, depois de colocar a gente em fileira, nos fizeram sentar. Em seguida, jogaram um monte de coisas sobre mim, não sei o que era, mas era de mau-cheiro, e que escorreu para o meu rosto”, contou Caio nesta quinta-feira, 5.

Ainda à noite, o rapaz se sentiu incômodo no olho e, na terça-feira de manhã, sua mãe o levou ao posto de saúde de Tupã, onde foi encaminhado a um especialista, que fez a limpeza e diagnosticou a lesão na córnea. No dia seguinte, Caio foi atendido por outro especialista, em Marília, que constatou que a lesão atingiu atingiu 70% da córnea e que ele corre risco de perder a visão do olho esquerdo.

“O médico não nos disse se há recuperação, mas espero que sim; tenho outra consulta e novos exames marcados para esta sexta-feira (6)”, declarou Caio, que disse sentir fortes dores no olho. “A dor é muito forte e não estou enxergando quase nada deste olho”, completou. Caio não soube dizer se a substância que atingiu seu olho é a mesma que causou lesões nas pernas da estudante Nathália. “Não sei se era ácido o que me jogaram e ela (Nathália) era de outra turma que sofreu outro trote”, contou.

"A gente fica chateado, muito triste, porque estudei tanto e até passei em primeiro lugar; daí, a gente chega na porta da faculdade todo feliz para estudar e eles não nos deixam entrar e ainda nos humilham e nos agridem", comentou Caio. "Estou muito decepcionado também em ver coisas como essas acontecerem em pleno século 21. Só tenho a lamentar”, afirmou.

A avó do estudante, Cleusa Castilho comentou que a família procurou a faculdade, mas que a informação que receberam foi que a instituição de ensino não se responsabilizaria uma vez que o trote teria ocorrido fora da faculdade. “Minha filha (mãe de Caio) argumentou que foi no portão da escola e achamos que, de alguma maneira, a faculdade deveria cuidar para evitar que violência ocorresse no seu entorno”, comentou. “É um sonho do meu neto, que estudou muito para realizá-lo e que agora estão querendo barrá-lo”, afirmou. Segundo Cleusa, o neto também teve de parar com as aulas de treinamento para tirar carteira de habilitação. “Ele estava tirando CNH, mas teve de parar porque não enxerga direito”.

Faculdade lamenta

O caso foi levado à Polícia Civil, que abriu inquérito para apurar as agressões. Caio se reuniria em sua casa, ainda na tarde desta quinta-feira, com um diretor da faculdade que iria até Tupã para se informar sobre o assunto. A faculdade divulgou uma nota na qual lamenta o ocorrido, informando que repudia e desestimula o trote violento e se solidariza com os alunos agredidos. A faculdade também anuncia que abriu sindicância interna para apurar os fatos e punir os autores e se coloca a disposição da polícia para esclarecimentos. Veja a íntegra da nota:

“A direção geral das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) lamenta o episódio de trote violento ocorrido fora das dependências da instituição envolvendo alunos ingressantes e presta sua total solidariedade a eles.

É importante lembrar que a FAI repudia toda e qualquer forma de violência e desestimula ações desta natureza.

A direção também torna público que, para o início do semestre, a instituição reforçou a segurança interna em seus câmpus com a contratação de equipes especializadas para coibir trotes violentos ou vexatórios.

Como o incidente se deu em vias públicas, a FAI se coloca à disposição das autoridades a fim de que este caso seja esclarecido o mais rápido possível e seus autores sejam devidamente responsabilizados de acordo com a legislação vigente.

A FAI instaurou sindicância administrativa a fim de apurar o fato e, caso seja constatado que os responsáveis pelo ato violento são alunos veteranos, o regimento interno prevê a expulsão desses indivíduos de seu quadro de discentes”.

Fonte: Especial para Terra
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