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Polícia

SP: adolescente morto por PM é enterrado sob comoção e revolta

Para polícia, tiro que atingiu Douglas Martins, 17 anos, foi acidental; família pede Justiça e diz que garoto sequer sabe porque morreu

28 out 2013 - 18h32
(atualizado às 18h35)
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<p>Cerca de 300 pessoas acompanharam o enterro do jovem </p>
Cerca de 300 pessoas acompanharam o enterro do jovem
Foto: Vagner Magalhães / Terra

Cerca de 300 pessoas acompanharam na tarde desta segunda-feira o enterro do adolescente Douglas Martins, 17 anos, morto na tarde de domingo com um tiro disparado por um policial militar durante uma abordagem. A polícia alega que o tiro foi "acidental". O enterro foi marcado por muita emoção. Amigos do adolescente compareceram ao cemitério fazendo a escolta do corpo com motos. Pelo menos quatro ônibus lotados levaram familiares e amigos ao velório. Alguns jovens adentraram ao cemitério em cima do teto do coletivo.

Helena Martins Santana, avó materna do garoto, lembrou que há 20 anos perdeu seu filho de maneira semelhante. "Também foi em um domingo e enterramos o corpo dele na segunda-feira. Foi só porque meu neto era pobre. Eu perdi meu filho de 18 anos do mesmo jeito. Morto pela polícia. Ele não fez nada de errado", disse ela.

Rossana Martins de Souza Rodrigues, mãe de Douglas, estava inconsolável. "Foi por pouco que não perdi os meus dois filhos. Por pouco ele (policial) não cortou meus dois filhos", disse ela. No momento da abordagem, Douglas estava acompanhado de um irmão de 13 anos. Segundo a mãe, o tiro atingiu o coração de Douglas.

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Sérgio Martins, vizinho de Douglas, disse que presenciou a abordagem policial. "Eu estava sentado na frente de um bar e vi a polícia passando. De repente, eles voltaram, e, quando pararam, já ouvi o tiro. Ninguém falou nada antes do disparo. A única coisa que eu ouvi depois foi o Douglas dizendo: 'por que o senhor atirou em mim?'", disse ele.

Na tarde de domingo, os moradores da Vila Medeiros, na zona norte da capital paulista, atearam fogo em três ônibus e em um automóvel em protesto contra a morte de Douglas. Segundo a Polícia Militar (PM), a revolta teve início por volta das 19h40, na avenida Mendes da Rocha, depois que um policial atirou "acidentalmente" contra a vítima.

Alguns jovens adentraram ao cemitério em cima do teto do coletivo
Alguns jovens adentraram ao cemitério em cima do teto do coletivo
Foto: Vagner Magalhães / Terra

De acordo com a Polícia Militar, na tarde do domingo vários policiais foram ao bairro Jaçanã para atender um incidente, quando, após tentar revistar dois suspeitos, houve um "disparo acidental" que atingiu o adolescente Douglas Martins Rodrigues no tórax, por volta das 14h30. O jovem foi socorrido e levado ao Hospital Jaçanã, onde morreu, e o PM responsável pelo disparo, Luciano Pinheiro Bispo, 31 anos, foi "acusado de flagrante delito por homicídio culposo".

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), testemunhas afirmaram na delegacia que o tiro pareceu acidental. A arma do PM foi apreendida e a perícia realizada no local. O policial foi detido e encaminhado ao presídio militar Romão Gomes.

O caso foi registrado no 73º Distrito Policial (Jaçanã), mas encaminhado ao 39º DP (Vila Gustavo), onde será investigado. 

Fonte: Terra
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