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Sem líderes, movimento toma as ruas e ganha força em SP

Heterogêneo, Movimento Passe Livre não tem comando estabelecido, e conquista as ruas de São Paulo em protestos contra reajuste na passagem

14 jun 2013 - 20h50
(atualizado às 21h21)
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<p>Heterogêneo, Movimento Passe Livre não tem comando estabelecido, e conquista as ruas de São Paulo em protestos contra reajuste na passagem</p><p> </p>
Heterogêneo, Movimento Passe Livre não tem comando estabelecido, e conquista as ruas de São Paulo em protestos contra reajuste na passagem
Foto: Bruno Santos / Terra

Desde o último dia 6 de junho, São Paulo tem sido palco de manifestações populares com a presença de milhares de pessoas, que saem às ruas em protesto contra o aumento da tarifa da passagem do transporte público em São Paulo. Desde a quinta-feira em que os protestos começaram até esta já se passaram oito dias e mais três protestos, todos organizados e propagandeados pelo Movimento Passe Livre (MPL), que se declara “independente e horizontal”, sem presidentes, dirigentes ou chefes.

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Além de “horizontal” e sem um comando hierarquizado, o movimento se diz também “heterogêneo”, uma mistura de estudantes universitários de diversas áreas, professores, engenheiros e profissionais de diversas áreas. E é esse perfil, segundo os próprios integrantes do grupo, que tem dado força e feito o movimento crescer, com adesão de milhares de pessoas a cada manifestação agendada para pedir a redução na passagem.

“Começou não só, mas mais como um protesto que reunia estudantes. Agora, vemos pessoas da periferia, sindicatos, movimentos sociais, o movimento estudantil, partidos políticos, pessoas normais que se juntam ao protesto”, afirmou Marcelo Hotimsky, integrante do MPL. 

Manifestantes pedem "não violência" e, mesmo assim, PM ataca:

O perfil dos detidos na manifestação de terça-feira (11) mostra a heterogeneidade das pessoas que compõem os protestos, sem mesmo fazer parte do MPL. Entre os 20 presos no dia, estavam a estudante Stephanie Fenselau, 25 anos, o professor Rodrigo Cassiano dos Santos, 24 anos, o estudante André Marcos Martins, 26 anos, o jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, 27 anos, o estudante Rafael Pereira Medeiros, 20 anos, o metalúrgico William Borges Euzébio, 20 anos, o estudante universitário Júlio Henrique Cardial Camargo, 21 anos, e o jornalista Raphael Sanz Casseb, 26 anos.

Nesta quinta-feira, 232 pessoas foram detidas, mas apenas quatro ficaram presas. Mais uma vez, o perfil é bastante diferente: o operador de marketing Vanderson de Souza, 18 anos, o técnico em informática Thiago Schutz Stone, 27 anos, o serigrafista Anderson Vicente dos Santos, 25 anos, e José Roberto Ferreira Militão, 23 anos. 

Condições do transporte ajuda a luta do MPL

Para o movimento que organiza os protestos e luta por mudanças na política de transportes públicos, a precarização dos serviços prestados e as más condições que os usuários enfrentam diariamente é um dos principais fatores que levaram diferentes setores a se unirem às manifestações. 

“As redes sociais e a internet são muito importantes como forma de comunicação, para falar as demandas, sobre os protestos. Mas não é só isso. A ideia de que o protesto é fruto das redes sociais resume muito a questão”, disse o integrante do MPL. 

No Facebook, a página do Movimento Passe Livre de São Paulo já foi “curtido” por quase 62 mil pessoas, desde que foi criada, em maio deste ano. Quatro dias antes do primeiro protesto, no dia 2 de junho, a página teve sua semana mais popular. A partir do dia 6, a página teve um grande aumento de pessoas falando sobre o MPL e também seguindo as publicações do grupo. 

De acordo com o Facebook, os usuários que mais falam sobre o Movimento, compartilhando publicações, divulgando as datas, entre outras ações, são jovens, de 18 a 24 anos. 

Organização

Segundo Hotimsky, as decisões do grupo são tomadas em votação, em reuniões realizadas semanalmente por um número não especificado de pessoas, que, conjuntamente agendam locais e horários de novas manifestações, entre outras diversas ações. 

O grupo surgiu em 2005, em Porto Alegre, durante a Plenária Nacional pelo Passe Livre. O grupo se diz organizado de forma horizontal (sem comando hierárquico)e apartidário, sem nenhuma ligação com partidos ou correntes políticas. 

Entre suas principais demandas estão a municipalização do sistema de ônibus, com a prefeitura sendo responsável pelo transporte, a criação de um Fundo Municipal de Transporte Coletivo gerido com participação popular, combate à cultura da utilização do automóvel e também a gratuidade na passagem para todas as pessoas.

A tarifa zero na passagem é um dos pontos mais polêmicos entre as propostas do MPL. Segundo o movimento, “a gratuidade no transporte coletivo não deve ser entendida como ônibus de graça”. “Esse ônibus terá um custo, porém compartilhado entre a sociedade, através do aumento na arrecadação de impostos progressivos”, afirmam. 

A proposta do grupo é de que a prefeitura contrate o serviço de empresas de ônibus, por um valor pré-estabelecido, “de modo que a tarifa deixasse de ser o determinante da qualidade e do acesso a este serviço”.

O Terra entrou em contato com a Polícia Militar, para buscar um posicionamento da corporação a respeito do perfil dos manifestantes, mas não obteve resposta até o momento da publicação desta matéria. 

Fonte: Terra
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