Saldo de mortes em complexo prisional do MA chega a 12
- Eveline Cunha
- Direto de São Luís
Subiu para 12 o número de mortos nas rebeliões que ocorrem desde segunda-feira no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, o motim iniciado na manhã desta terça-feira em uma das alas já foi controlado. No local, um tiroteio foi registrado por volta das 9h30 (8h30 locais) e dois detentos morreram. Outro preso foi assassinado ontem na mesma ala, mas a polícia tomou conhecimento apenas na manhã desta terça-feira. Outros nove detentos foram mortos ontem no Presídio São Luís, localizado em outra ala do complexo, onde a rebelião continua.
No Presídio São Luís, os apenados mantinham cinco funcionários reféns desde as 9h de segunda-feira. Dois deles já foram liberados, e as negociações continuam. A secretaria espera que a rebelião termine no início da tarde de terça-feira.
Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, César Bombeiro, o tiroteio ocorreu em um pavilhão onde estão alojados 300 presos e teria sido motivado por rivalidade entre facções criminosas. Os rebelados teriam feito reféns dois detentos de facções rivais e destruído grande parte do prédio, queimado colchões. Durante o tiroteio, houve correria em frente ao presídio, onde há uma grande concentração de jornalistas e familiares dos presos.
Ontem, o motim no Presídio São Luís deixou pelo menos nove presidiários mortos e um agente penitenciário baleado. As negociações para rendição dos rebelados foram encerradas por volta das 21h de segunda-feira e retomadas no início da manhã de hoje.
Segundo o Ministério da Justiça, foram enviados 32 homens da Força Nacional para o Maranhão, sendo 31 da tropa de choque e um negociador. Eles chegaram ao Estado na madrugada desta terça-feira, com o objetivo de tentar conter a rebelião.
Até o momento, a polícia confirma nove mortes na rebelião, cujos corpos estão no Instituto Médico Legal. Entretanto, o número de mortes pode ainda ser maior, já que os presos afirmam que dentro do presídio estariam outros corpos.
Inicialmente a rebelião teria começado com uma briga de facções, mas agora os rebelados apresentaram exigências como melhoria no abastecimento de água e alimentação e mais tempo para banho de sol e visita íntima. Os presos querem ainda a transferência de detentos que cometeram crimes no interior do Estado.
A secretaria reforçou a segurança durante a madrugada no presídio para evitar que a violência ultrapassasse os muros. Os presos estariam com dez celulares e duas armas dentro do presídio.
Rebelião
Segundo a secretaria, os presos renderam o agente penitenciário durante uma revista, tomaram sua arma e iniciaram a rebelião. Baleado na perna e na coluna cervical, o funcionário foi liberado por volta das 11h30 de ontem e encaminhado ao hospital. Seu estado de saúde é estável. Os presos foram assassinados por seus próprios companheiros, sendo que três deles foram decapitados.
As autoridades maranhenses atribuíram o motim ao "estado de tensão permanente" entre facções criminosas, que é alimentado pelo problema de "aglomeração" comum à maioria das prisões brasileiras, segundo a nota do governo do Estado do Maranhão. O presídio, que tem capacidade para abrigar 220 pessoas, é ocupado por 204 apenados, segundo a SSP.