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Polícia

RS: homem que hostilizou haitiano nega xenofobia e vê complô

Daniel Barbosa afirma que militares infiltrados da Venezuela e de Cuba têm entrado no País em meio a imigrantes

8 jun 2015 - 14h33
(atualizado em 9/6/2015 às 11h27)
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Gerente de vendas Daniel Barbosa que aparece no vídeo conversando com frentista haitiano
Gerente de vendas Daniel Barbosa que aparece no vídeo conversando com frentista haitiano
Foto: Reprodução / Arquivo pessoal

O homem que aparece em um vídeo hostilizando um haitiano que trabalhava de frentista em um posto de gasolina na cidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, nega que tenha sido xenófobo ou que tenha agredido de alguma forma o rapaz. O gerente de vendas Daniel Barbosa, 42 anos, alega que estava apenas investigando se a vinda do estrangeiro tinha relação com a chegada de paramilitares ao Brasil para ajudar nos planos de uma organização chamada de Foro de São Paulo, que teria o objetivo de implantar um regime de esquerda em toda a América Latina.

Ele alega que é vítima da ignorância de pessoas que não entendem o contexto de um movimento de dominação que estaria em curso no Brasil. Barbosa afirma que existem investigações e denúncias sobre a vinda de militares da Venezuela, do Haiti e de Cuba. Barbosa afirma que muitos teriam entrado por meio do Mais Médicos. “Você vê que a coisa vai muito mais longe do que constranger o pobre do ... esse menino se é um trabalhador e está aqui para trabalhar e ajudar a progredir o Brasil beleza, maravilha, mas o contexto é muito maior”, afirma.

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Por esse motivo, ele alega que não foi racista nem xenófobo, diz que agiu por uma questão de “soberania nacional”, mas oa mesmo tempo admite que não encontrou  nenhum caso concreto de militares infiltrados no País. “O que existe são investigações e denúncias por quem conhece isso”.

Mas as imagens de Barbosa dizendo ao haitiano que milhares de brasileiros estão desempregados gerou muitas reações da população. Tanto que ele afirma que tem sido vítima de ameaças de morte.

Ele  é uma pessoa polêmica, são vários os vídeos nos quais ele faz as denúncias que relata na entrevista concedida ao Terra. Inclusive, ele é investigado por crimes comuns como sequestro e roubo. Mas sobre isso ele é curto nas palavras, disse apenas que “o que eu tenho a declarar, o que eu vou declarar é que eu não devo nada para a sociedade”.

RS: homem ataca haitiano que trabalha em posto de gasolina:

Veja os principais trechos da entrevista concedida ao Terra:

Terra: O senhor faz parte de movimentos que pedem o impeachment da presidente?

Daniel Barbosa: Nós somos do Movimento Patriota Nacional, contra a corrupção, pela prisão de todos os corruptos.

Terra: E Vocês defendem também a volta dos militares ao poder?

Daniel Barbosa: Não se trata disso, é importante que se entenda... faz mais ou menos quatro anos que a gente luta pedindo uma lei máxima contra a corrupção que puna exemplarmente o roubo de dinheiro público e ai você entrar no universo chamado Foro de São Paulo, que vai além do simples roubo do dinheiro público.

Então hoje, a gente vive, no nosso ponto de vista, de quem já estudou essa pátria grande, esse Foro de São Paulo, a gente vive sob esse risco da tomada de poder da esquerda na América Latina toda, através dos planos desse mesmo foro de São Paulo, então essa crise ela vai além da corrupção, já foi denunciada por parlamentares e por diversos jornalistas como como Políbio Braga, Felipe Moura Brasil e por ai vai... Então você vê que essa coisa não é um brinquedo, não é uma teoria da conspiração.

Terra: Esse Foro de São Paulo é um movimento que busca levantar a esquerda no Brasil?

Daniel Barbosa: Me acusaram de xenofobia, de racismo e nada disso ocorreu. Quem assiste o vídeo não tem o mínimo de conhecimento de que o foco é justamente o Foro de São Paulo. Porque não se trata do haitiano, são os venezuelanos, cubanos, haitianos, do Mais Médicos, por exemplo, e por aí vai...

Além de um crime, me acusar de ter cometido isso, é uma atitude que chamo de ignorante, porque você fazer esse tipo de acusação leviana quando o contexto não tem nada a ver com isso, nem com xenofobia, nem com racismo. Mas trata-se de um assunto muito mais sério que é o que o Foro de São Paulo está fazendo em relação a esses imigrantes, muitos de países da América Latina, aliados, inclusive, ao próprio Foro de São Paulo, todos em idade na faixa dos 30 anos, não são considerados refugiados, porque é só cara nessa faixa etária, muitos com treinamento militar, não tem criança, idoso, mulher, são raríssimas exceções...

Terra: Qual é a sua profissão, o senhor é policial?

Daniel Barbosa: Sou gerente de vendas, jamais me apresentei como policial, essa é outra acusação infundada.

Terra: Muita gente que viu o vídeo entendeu aquilo como uma forma de hostilizar e de agredir o rapaz que estava ali trabalhando. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Daniel Barbosa: Eu vejo da seguinte forma, quando você é atacado por esse tipo de acusação infundada, sem base jurídica nenhuma, porque não houve.. ao mesmo tempo você tem pessoas que conhecem o Foro de São Paulo, que conhecem os planos da Pátria Grande para a América Latina, e essas pessoas só fazem elogios  e vieram a minha defesa por livre e espontânea vontade, ligando para o programa da Record e outros porque sabem o que está acontecendo.

Para mim é uma questão de ponto de vista de quem sabe o que está acontecendo. Se você sabe você pode julgar, senão você estará apenas atirando pedra sem saber onde.

Terra: Então o senhor não estava criticando o fato de um estrangeiro tirar emprego de brasileiro, e sim a vinda de pessoas com treinamento militar para o Brasil?

Daniel Barbosa: Não só isso, você não pode colocar dessa forma... Todos tem treinamento paramilitar? Não. Mas a gente sabe, isso é investigado pela Polícia Federal, pelas forças armadas, por muitos parlamentares a entrada nessa leva de imigrantes de muitos, inclusive, oficiais dos exércitos de Cuba e da Venezuela.

E de acordos, por exemplo, que temos denunciado, de generais da Venezuela que tem vindo para dar treinamento paramilitar para o Stédile (líder do MST) aqui no Brasil. Você vê que a coisa vai muito mais longe do que constranger o pobre do ... esse menino se é um trabalhador e esta aqui para trabalhar e ajudar a progredir o Brasil beleza, maravilha, mas o contexto é muito maior.

Você tem uma ideia de quantas demissões a gente já sofreu no ano passado com essa crise que vem se arrastando?

O cara entra no Brasil pelo Acre onde nós temos denúncia de tráfico de pessoas, a coisa vai muito além, esse povo sendo aliciado por narcotraficantes.

Terra: Qual é a sua opinião sobre a vinda de estrangeiros par ao Brasil?

Daniel Barbosa: Se o Brasil tivesse condições de dar uma estrutura de dar uma formação e não de atirar esse povo aqui dentro no mercado de trabalho, de promover uma sustentação da estadia dele aqui, mas não é isso que acontece.

O governo esta cortando o bolsa família, que é um benefício assistencialista que foi dado ao povo brasileiro, e agora vem esses estrangeiros para cá, e tem alguma coisa que não fecha. O que o povo quer saber quem de fato são..

Como podem os médicos podem chegar aqui e trabalhar sem fazer o Revalida (exame de validação de diploma médico obtido no exterior), e se tem informações que muitos são oficiais do Exército cubano, essa é uma questão de soberania nacional, e não uma teoria da conspiração.

Terra: Então porque o senhor não buscou esses médicos militares ao invés do frentista de um posto de gasolina?

Daniel Barbosa: Em nenhum momento acusei ele de ser. Eu perguntei, o mesmo que você está fazendo. Ou não?

Terra: Estou perguntando.

Daniel Barbosa: Você tem ideia de quantos imigrantes venezuelanos, haitianos, cubanos tem em São Paulo? Existe um levantamento, o governo federal passa essa informação para a população? Quantos são e de onde estão vindo se entram de forma ilegal no Acre há muito tempo?

Terra: Muita gente viu o que o senhor fez como xenofobia.

Daniel Barbosa: Não é isso, de forma alguma. Eu sou descendente de italiano, alemão e português. Nada contra quem vem de fora para trazer investimento, para colaborar, para trazer sua cultura, seu conhecimento, sua tecnologia para ajudar o Brasil a crescer.

Mas toda a questão desse vídeo, como foi com um vídeo que fizemos com cubano em São Paulo, porque não foi a primeira vez que fizemos isso denunciando pelo Brasil inteiro. Queremos saber através do governo federal qual é a ligação do Foro de São Paulo desses imigrantes que são trazidos pelo governo.

Terra: O senhor já chegou a encontrar algum estrangeiro com treinamento militar?

Daniel Barbosa: Olha só. Se você olhar hoje, o Jair Bolsonaro (polêmico deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro que recentemente deixou o PP para fundar o Partido Militar Brasileiro) e você pegar matérias dele com denúncias, a Polícia Federal investiga desde o Mais Médicos, começou com o Mais Médicos...

O que a gente quer é que isso seja investigado e que seja feita uma limpa na política nacional, mas a forma como isso será feito... meu irmão, eu não sou a pessoa mais indicada para dizer isso. Mas alguma coisa tem que ser feita, porque o Brasil corre o risco, porque temos que analisar o contexto do que é o Foro de São Paulo e da pretensão dele de par a América Latina, que é uma questão de soberania nacional.

Terra: Então o senhor não chegou a encontrar pessoalmente nenhum estrangeiro de qualquer nacionalidade com treinamento militar. É isso?

Daniel Barbosa: Não. O que existe são investigações e denúncias por quem conhece isso.

Terra: Qual foi a repercussão desse vídeo?

Daniel Barbosa: Ataques morais, até ameaça de morte, irmão.

Terra: O senhor é investigado pela polícia por outros crimes?

Daniel Barbosa: O que eu tenho a declarar, o que eu vou declarar é que eu não devo nada para a sociedade. Sou um pai de família, sou avô, tenho 42 anos, e tenho uma carreira profissional. Agora, se mais do que isso interessa, mesmo que eu tivesse respondido a um processo e pago por ele, isso, inclusive é ilegal, você não poderia usar isso para denegrir a imagem da pessoa.

Fonte: Terra
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