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Polícia

RS: 'antifascista' é presa por tentar matar supostos neonazistas

29 nov 2012 - 20h08
(atualizado às 20h14)
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Mauricio Tonetto
Direto de Porto Alegre

Uma mulher de 28 anos, identificada como Tamires Fernando da Silva Sozinho, foi presa nesta quinta-feira em Caxias do Sul, na serra gaúcha, por liderar o grupo Sharp Antifascista, cujo foco é lutar ideologicamente - e violentamente - contra neonazistas. Conforme o delegado Paulo César Jardim, que coordena uma equipe de investigação de extremistas há 10 anos no Estado, a suspeita "se diz contra a violência, mas age com extrema violência".

Conforme a polícia gaúcha, há células neonazistas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de outros locais investigados
Conforme a polícia gaúcha, há células neonazistas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de outros locais investigados
Foto: Polícia Civil / Divulgação

"Ela falou que é a favor da liberdade e contra o preconceito e a violência, mas age com extrema violência. Ela é uma contradição própria. Sua ideologia é o antifascismo e ela se posiciona como uma guerrilheira urbana", explicou Jardim. No dia 28 de outubro, Tamires e outros dois homens, que já prestaram depoimento e devem ser indiciados por tentativa de homicídio, agrediram um grupo de supostos neonazistas em Porto Alegre.

"Os caras estavam sentados em uma moto e foram atacados com estilete, bastão e pedaços de pau. A suspeita (Tamires) é alta e forte e prensou eles contra uma cerca, tentando degolá-los. Uma das vítimas teve o barço cortado e outra, uma grande parte do rosto", relatou o delegado.

De acordo com Jardim, a prisão preventiva foi solicitada à Justiça e concedida hoje. "Com esse tipo de pessoa lidamos assim: tipificamos a conduta dela por tentativa de homicídio três vezes e esperamos que ela responda em júri popular", disse ele.

Guerra entre skinheads, punks e neonazistas

Em agosto de 2011, uma briga envolvendo punks, skinheads e ao menos um neonazista em um bar da capital gaúcha ligou o sinal de alerta da polícia para a atuação de grupos que pregam o ódio e a discriminação no Sul do País, inspirados pela ideologia de Adolf Hitler. Responsável pelo indiciamento de 35 neonazistas no Estado na última década, Jardim afirmou que está "na gênese" do gaúcho a guarida para movimentos desse tipo.

Já em 2010, um grupo de defesa dos direitos dos travestis no Rio Grande do Sul recebeu ameaças por telefone de um suposto neonazista, que disse preparar uma ação na 14ª Parada Livre. Em edição anterior do evento, cartazes que pregavam a morte de homossexuais foram afixados no bairro Bom Fim, onde ocorre a passeata.

Em novembro do mesmo ano, policiais civis apreenderam material de apologia ao nazismo em uma residência no centro de Porto Alegre. Foram recolhidos fotografias, CDs, camisetas, distintivos, facas, uma soqueira e um laptop, mas ninguém foi preso. Em 2009, apreensões semelhantes ocorreram em Cachoeirinha, Viamão, Porto Alegre e duas cidades da serra gaúcha.

Também em 2009, o casal Bernardo Dayrell e Renata Ferreira foi assassinado após uma festa neonazista no Paraná. O crime foi cometido na BR-116, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, e teve motivações de disputa entre o grupo neonazista liderado por Dayrell e Ricardo Barollo, apontado pela polícia como o mandante do duplo homicídio. Além dele, Jairo Maciel Fischer, Rodrigo Motta, Gustavo Wendler, Rosana Almeida e João Guilherme Correa foram acusados de participar no crime.

No dia do assassinato do casal, vários membros do grupo neonazista foram a uma festa em comemoração ao aniversário de Adolf Hitler em uma chácara de Quatro Barras. Conforme a lei 7.716, de 1989, "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo" prevê pena de até três anos de reclusão.

Fonte: Terra
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