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Polícia

RJ: tráfico instala portões em favela e cobra R$ 10 por chave

15 jun 2011 - 03h53
(atualizado às 04h02)
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LESLIE LEITÃO

Há quase um mês, moradores da Favela de Parada de Lucas, às margens da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, tiveram seu direito de ir e vir cerceado por traficantes que controlam as bocas de fumo da região. Literalmente. Por ordem do homem que "manda" na comunidade e na vizinha Vigário Geral, Ronaldo Rocha Dias da Silva, o Tião, portões de ferro foram instalados em alguns acessos à favela. A denúncia feita por moradores foi comprovada no início da tarde de ontem, quando uma equipe de O Dia esteve no local.

Só quem paga R$ 10 por uma chave consegue passar pelo portão. O obstáculo principal fica a menos de 300 metros de um posto do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv), num acesso da Avenida Brasil. "Quem quis continuar entrando por ali teve de comprar a chave. Para quem não quis, o jeito é dar a volta por outra entrada", explica, indignado, um senhor que mora na comunidade há mais de duas décadas.

O objetivo dos criminosos seria dificultar a entrada rápida da polícia na comunidade. Pelo relato de que quem vive em Lucas, todo o dinheiro arrecadado com a compra das chaves vai para as mãos de Tião. Outro traficante que faria parte desse esquema de cobrança, segundo moradores, é conhecido como Álvaro Peixão. "Imagine eu ter que comprar uma chave para cada pessoa daqui de casa. Vou gastar quanto?", reclama uma dona de casa, onde moram seis pessoas.

O portão flagrado pela reportagem fica no acesso pela Rua Rubro-Negro, a última entrada antes do viaduto da Avenida Brasil. Ainda de acordo com relatos de moradores, algumas casas daquela região da comunidade foram invadidas por traficantes, que passaram a usá-las como esconderijo e depósito de drogas e armas.

Derrubada em fevereiro
O comandante do 16º BPM (Olaria), coronel José Macedo, disse que o portão já havia sido derrubado pouco antes do Carnaval. Ele afirmou que não tinha conhecimento de que os traficantes haviam recolocado o obstáculo no local.

"Na ocasião, quando surgiram as denúncias, fomos lá e constatamos que havia irregularidade. Por isso, derrubamos o portão. Desta vez, não chegaram novas denúncias. Mas com a chegada delas e a constatação desses bloqueios irregulares que limitam o direito de ir e vir, vamos agir novamente", prometeu o comandante.

Para ele, os portões têm o objetivo de dificultar as ações da polícia dentro de Parada de Lucas.

Objetivo do portão de ferro seria dificultar entrada rápida da polícia na comunidade
Objetivo do portão de ferro seria dificultar entrada rápida da polícia na comunidade
Foto: Carlo Wrede / O Dia
Fonte: O Dia
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