RJ: polícia sequestra R$ 10 milhões em bens de colombiano preso por tráfico
Dez pessoas presas na operação Nações Unidas faziam parte de esquema de envio de drogas do Brasil para Portugal
A Polícia Federal sequestrou bens no valor de R$ 10 milhões do colombiano preso por suspeita de chefiar um esquema que enviava toneladas de cocaína do Brasil para a Europa. Entre eles, está uma casa em Angra dos Reis (RJ), dois postos de gasolina, uma usina de álcool em São Paulo, 50 contas bancárias, uma construtora e uma areal. Alexander Pareja vivia em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e tinha diversas atividades para lavar dinheiro. Ele foi detido na sexta-feira em Cássia, no triângulo mineiro.
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Ao todo, a operação Nações Unidas - feita em parceria com a Guarda Civil espanhola, a polícia portuguesa, uruguaia, colombiana e o DEA (agência antidrogas americano) - prendeu dez pessoas. A quadrilha internacional de drogas traficava cocaína desde a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, até Lisboa, capital portuguesa, por meio de uma empresa de fachada que exportava pescado congelado para a Europa com a cocaína disfarçada em bolsas de gelo-gel.
De acordo com o delegado Paulo Telles, responsável pelas investigações no Brasil, a investigação durou cerca de 18 meses e parte da quadrilha já tinha sido presa pela polícia portuguesa em novembro do ano passado em Lisboa e na Suíça. "Deflagramos a operação na última quinta-feira depois que um dos envolvidos decidiu viajar e poderia fugir", disse Telles, em referência a Pareja.
Além do colombiano foram presos o brasileiro Dimis Alame Figueira Ferreira, em Porto Velho, Rondônia, por onde a cocaína vinda da Colômbia entrava no País, o também colombiano Carlos Orlando Borda Arias, preso domingo em São Paulo, de onde a droga era distribuída. Na segunda-feira, foram presos os brasileiros Marcelo Antunes Hepp e Cristiano da Costa Quaresma, na cidade de Rio Grande, onde funcionava a empresa de exportação de pescado, e o espanhol Luiz Fernandez Rodriguez, que vivia no Brasil com identidade falsa e foi preso em Santarém, no Pará.
A investigação começou na Espanha quando a Guarda Civil espanhola identificou, em Madri, o colombiano Henry Alejandro Rodriguez Gallego como braço do cartel do Vale del Norte, e que operava junto com o cunhado Alexander Pareja no tráfico internacional de drogas e na lavagem de dinheiro. Henry, que foi assassinado há duas semanas no Panamá, entrou no Brasil em 2011 para visitar o cunhado usando nome falso e foi monitorado pela Polícia Federal. Do Brasil ele foi ao Paraguai, Bolívia e Colômbia e voltou ao País por Foz do Iguaçu, de onde foi à cidade de Rio Grande para montar junto com dois portugueses, dois brasileiros, dois espanhóis e com Pareja o esquema de fachada para enviar drogas.
Com a quadrilha monitorada, a PF conseguiu interceptar o primeiro carregamento de pescado com cocaína disfarçada em bolsas de gelo-gel no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no último mês de novembro. A segunda remessa foi apenas de pescado, mas na terceira remessa, outra vez com drogas, a polícia portuguesa prendeu em Lisboa o espanhol Manuel Ibañez Carrera, que era o cabeça da quadrilha na Europa, e o português Fernando Guilherme de Oliveira Silva, na Suíça. Na mesma época foram presos na fronteira do Brasil com o Uruguai o português Antonio Miguel Castanheira Ferreira da Cunha e o espanhol David Martinez Carbonell, que tentavam escapar para o país vizinho. "Eles tinha intenção de expandir o negócio para Portugal", disse Telles.
O grupo atuava no Brasil há pelo menos dois anos e será indiciado por tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e associação para o financiamento do tráfico. O delegado Paulo Telles não deu mais detalhes da participação da agência americana antidrogas na operação.