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Polícia

RJ: hóspedes relatam momentos de medo dentro do hotel

21 ago 2010 - 13h39
(atualizado às 15h18)
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Luis Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

Os amigos Juan Rios, 43 anos, e Steve McGilvra, 49 anos, estão no Brasil pela primeira vez. Eles vieram de Dallas nos EUA para aproveitar quatro dias de férias no Rio de Janeiro. Os dois estavam no quarto no momento da invasão do hotel Intercontinental na manhã desse sábado por um grupo de dez traficantes do morro do Urubu. A quadrilha entrou no local depois de um tiroteio com a PM carioca.

Os americanos contam que foram chamados por funcionários junto com outros hóspedes para descer ao saguão. De lá, ficaram acompanhando tudo que acontecia pela televisão. Os brasileiros que estavam juntos traduziam para que eles pudessem acompanhar as notícias. "Tenho amigos no Brasil. Eles diziam que a violência era uma realidade apenas das favelas. Agora, mudamos de ideia. Não eram as férias que esperávamos", disse Steve. A dupla pensa até em interromper as férias e voltar para casa antes mesmo do prazo planejado: "a gente não sabe o que fazer, não nos sentimos seguros aqui. Temos medo de sair para rua", comentou.

A turista belga Nicole de Wever Baras, 60 anos, estava no restaurante do hotel tomando o café da manhã quando aconteceu a invasão. Não ouviu qualquer barulho ou movimentação estranha no local. Foi avisada pelo gerente que criminosos tinham invadido o prédio. Junto com o marido, foi orientada a ir lentamente para a recepção onde esperou por 45 minutos até que a situação fosse resolvida pela polícia. A mulher que veio ao Brasil para um casamento comentou que sempre ouviu falar da violência no País, mas acreditava que isso era um problema do passado. "Foi um sentimento estranho. Não esperava que isso fosse acontecer", lamenta Nicole.

O gerente do hotel e que mora no estabelecimento, Michel Chertouh, é francês e está há dois anos e meio no Rio. Ele disse que seguiu as orientações das autoridades e mandou cortar a linha telefônia e desligar os elevadores para que a polícia pudesse evacuar os hóspedes pelas escadas sem pânico. "O maior prejuízo é para a cidade e para todos os cariocas. Ocorreu justamente em uma hora em que a cidade passava por um bom momento, inclusive com relação à segurança", afirmou Chertouh, que disse também que havia cerca de 1,5 mil pessoas dentro do hotel.

Entenda o caso

Por volta das 8 h deste sábado, um grupo de traficantes entrou em confronto com a polícia militar nas proximidades da favela da Rocinha. Dez criminosos fugiram e invadiram o Hotel Intercontinental, no bairro de São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. Na troca de tiros, morreu uma mulher identificada como Adriana Oliveira dos Santos, 41 anos. Segundo a PM, a mulher fazia parte do grupo e havia mandado de prisão temporária expedido contra ela desde fevereiro. Sete pesssoas ficaram feridas, mas quatro já receberam alta.

Os traficantes fizeram 35 reféns, entre hóspedes e funcionários, na cozinha do estabelecimento. Depois de quase duas horas de negociação com o Bope, o grupo se entregou. Com eles, foram apreendidos oito fuzis, cinco pistolas, munição, granadas e rádios.

A polícia monta guarda para proteger os turistas enquanto estes deixam o hotel Intercontinental depois da invasão
A polícia monta guarda para proteger os turistas enquanto estes deixam o hotel Intercontinental depois da invasão
Foto: AP
Fonte: Especial para Terra
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