PUBLICIDADE

Polícia

RJ: ativistas procurados pedem asilo em consulado uruguaio

21 jul 2014 - 12h35
(atualizado às 16h20)
Compartilhar
Exibir comentários
Ativista dentro do consulado uruguaio no Rio de Janeiro
Ativista dentro do consulado uruguaio no Rio de Janeiro
Foto: André Naddeo / Terra

A ativista Eloísa Samy, que é procurada pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, pediu asilo político ao Consulado do Uruguai na capital fluminense na manhã  desta segunda-feira. Ao lado do também ativista David Paixão e da namorada dele, Camila Nascimento, ela espera a resposta do país vizinho.

“Eu vim aqui pedir asilo político. Isso é uma tremenda arbitrariedade. Eles me receberam e estão fazendo contato com o embaixador em Brasília. Já fiz pedido formal e estou esperando documento para dar entrada efetiva no pedido. Não tenho nenhum tipo de expectativa, estou pedindo socorro mesmo", disse Eloísa, que é advogada, ao Terra.

Eloísa é figura conhecida das manifestações de rua do Rio de Janeiro e no inquérito policial consta que ela teria fornecido sua residência para membros do grupo de ativistas. Ainda na denúncia aceita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), ela é citada como uma ativista no início das manifestações, mas que depois passou a incitar os atos violentos. 

Bastante abatida, Eloísa Samy diz temer pela própria vida. "Assim que soube da (prisão) preventiva, fui para rua e fiquei vagando. Arrumei R$ 300 com uma amiga que não quis que eu ficasse na casa dela por medo”, contou. 

Sem ter onde ficar, a ativista colocou um pouco de roupas em uma mochila e decidiu partir para o consulado uruguaio, onde a polícia não pode entrar. A expectativa dela é permanecer no local até que a situação seja resolvida. Dois policiais civis chegaram a entrar na sala onde Eloísa se encontra, num prédio na zona sul do Rio de Janeiro. Diante da ação, um funcionário do prédio - que não quis se identificar - tentou controlar a situação, falando com os policiais: "vocês não podem entrar aqui".

Ao serem impedidos de ficar no local, após a identificação junto a um funcionário do consulado uruguaio, uma vez que a polícia brasileira não tem poder de atuação em embaixadas e consulados, os dois policiais se retiraram do local. Todo o fato foi presenciado pela reportagem do Terra

Membro do Coletivo de Advogados do Rio de Janeiro (CDA-RJ), Rodrigo Mondego conversou com Eloísa num momento posterior ao contato que o Terra teve com os acusados - após pedido de um funcionário do consulado, a reportagem teve que deixar o local. 

Ele explicou que a cônsul uruguaia no Rio, Myriam Fraschini Chalar, recebeu o grupo e que ela está reunindo informações sobre o caso com a finalidade de emitir um posicionamento oficial. Ela será a responsável por comunicar o fato para a embaixada do país, em Brasília, o único com poder para tomar qualquer tipo de decisão. 

“Não existe nada concreto, não sabemos como é a legislação uruguaia para esse caso, quais são os tratados, está tudo muito no início ainda”, explicou Mondego. “Não existe nada de concreto. A gente vê pela própria denúncia do MP (Ministério Público) que nada tem relação com a realidade. Citam envolvimento dela (Eloísa) com a FIP (Frente Independente Popular), mas ela é contra, tem problemas com a FIP. Estão faltando com a verdade. Ela é hoje, sim, uma perseguida política”, completou.

Por volta de 13h30, um grupo de manifestantes chegou ao prédio e começou a protestar, inclusive com faixas pedido o fim da perseguição aos ativistas. Mais tarde, às 15h, quatro policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) chegaram ao local, mas informaram que não iriam subir no prédio. "Não vamos cometer a mesma besteira dos outros dois, aqui é território uruguaio", disse um dos policiais, que não se identificou. Ainda segundo ele, os policiais que entraram no prédio mais cedo são da PM.

Acusações

David Paixão, 18, e Camila Nascimento, 19, estão em uma escuta, divulgada hoje pelo jornal O Globo, em que falam das ações de manifestantes que jogaram coquetéis molotov contra policiais da Tropa de Choque durante um protesto contra a Copa do Mundo no Rio de Janeiro. Ainda dentro das investigações, os demais, entre eles a ativista Elisa Quadros, a Sininho, são acusados de planejar um incêndio na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 

David Paixão era ainda adolescente quando foi adotado por Eloísa Samy e passou a viver com a advogada, que por sua vez também já atuou pelo Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH), do Rio. Assustado, junto com Camila, sua namorada, ele preferiu não conversar com a reportagem. “Eu nem sei o que te dizer, cara”, explicou. 

Na sexta-feira, o juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau decretou a prisão preventiva de 23 pessoas que estão sendo investigadas pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática que ligam as pessoas a atos violentos praticados durante das manifestações que acontecem desde o ano passado na cidade.

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade