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Polícia

RJ: 3 PMs de UPP são presos com R$ 13 mil sem procedência

6 set 2011 - 20h39
(atualizado às 20h57)
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ROBERTA TRINDADE

Pouco mais de dois meses após o incidente que deixou três policiais militares feridos no morro da Coroa, região central do Rio de Janeiro, três PMs - um sargento e dois soldados - lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade foram presos. A prisão foi efetuada por equipes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora com apoio de agentes da Inteligência da PMERJ, no final da noite de segunda-feira. Os PMs, que estavam de folga, foram flagrados com R$ 13 mil e não souberam explicar a procedência do dinheiro. A corregedoria da corporação instaurou sindicância para apurar o fato.

Fontes ligadas à Secretaria de Estado de Segurança Pública afirmaram que o trio foi flagrado em escuta telefônica negociando a entrega de armas para traficantes do morro. Ainda segundo essas fontes, aquela UPP passou a ser monitorada após a ação criminosa, ocorrida no final do mês de junho. Durante o monitoramento, o envolvimento de alguns PMs com os traficantes da região teria ficado evidenciado.

Inaugurada no dia 25 de fevereiro deste ano, a UPP Coroa/Fallet/Fogueteiro tem sua sede no morro do Fallet, que fica em Santa Teresa e é controlado pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), mas a unidade ainda é responsável pelo policiamento nos morros do Fogueteiro, também do CV, e da Coroa, pertencente à facção rival Amigos dos Amigos (ADA). A unidade, que é a 15ª implantada no Estado do Rio, possui efetivo de 206 homens.

O local onde ocorreu o ataque seria controlado por Valquir Garcia dos Santos, o Valqui, Coroa ou Carré, 37 anos, apontado como um dos homens fortes da ADA. Com 17 anotações criminais, ele foi condenado a três anos de prisão por porte ilegal de arma, em 2000. Em agosto de 2005, foi baleado no braço e na barriga durante confronto com a polícia e acabou preso após fazer uma família refém. Naquele mesmo ano, recebeu mais uma pena de 11 anos por tráfico de drogas e outro porte ilegal de arma de fogo. No ano seguinte, mesmo atrás das grades, determinou o fechamento de todo o comércio na região do Catumbi em luto pela morte do irmão, Valcinei Garcia dos Santos, o Caê, morto pela polícia.

No dia 11 de fevereiro do ano passado, ele conquistou o benefício da Visita Periódica ao Lar (VPL). Nove dias depois, saiu do Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, zona norte de Niterói, e não retornou. No dia 15 de abril, o benefício foi suspenso e um mandado de prisão foi expedido.

O delegado Luiz Alberto Cunha de Andrade, titular da 6ª DP (Cidade Nova), mostrou-se surpreso com a notícia. Ele é responsável por inquérito que identificou os integrantes da quadrilha envolvida com o tráfico de drogas na região que a UPP da Coroa engloba e afirmou que todos já estão com os mandados de prisão expedidos pela Justiça. "É triste isso. É muito frustrante você trabalhar para pegar bandidos e ser surpreendido com a suspeita de envolvimento de policiais com o crime", disse.

Em 25 de junho, durante patrulhamento no morro da Coroa, os soldados Alexander de Oliveira Silva, 26 anos, Carlos Alexander Barros, 28 anos, e Nelson dos Santos Adans, 30 anos, foram alvejados por uma granada lançada do alto do morro. O primeiro militar foi o que ficou mais gravemente ferido: perdeu a perna direita e metade da esquerda. Morador de Resende, ele havia sido transferido para a capital para reforçar o efetivo da UPP quatro meses antes.

Fonte: O Dia
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