RJ: 2 dos 5 mortos em ação forjada por policiais não tinham antecedentes
Dois dos cinco homens mortos em operação na favela do Rola, na zona oeste do Rio de Janeiro, não tinham passagens anteriores pela polícia, A informação foi admitida na manhã desta segunda-feira pela própria cúpula da Polícia Civil, que abriu inquérito para investigar o procedimento dos agentes durante a operação, ocorrida no dia 16 de agosto de 2012. Imagens divulgadas no final de semana pelo jornal Extra mostram policiais carregando corpos e alterando o cenário da ação.
A operação tinha como objetivo localizar o traficante Diego de Souza Feitosa, conhecido como DG. Ele estava preso na 26ª DP, e foi resgatado do distrito policial por um grupo de criminosos. O traficante acabou morto em outra operação no Complexo da Maré, em abril deste ano. Douglas Vinicius da Silva, 22 anos, e Silas Rosa Guimarães, 26 anos, não tinham qualquer tipo de anotação criminal anterior.
Já Ewerton Luis da Cruz Neves, 25 anos, tinha passagem por tráfico de drogas; Paulo Cezar de Souza Caetano, 44 anos, tinha registro de furto qualificado; já Adalberto Santos da Silva, 27 anos, tinha acusação de homicídio. Todos foram mortos na operação, em confronto com a polícia. Os agentes alegaram que esses homens tinham ligação com o tráfico daquela favela, e trocaram tiros com eles.
Policiais da corregedoria começaram a ouvir parentes e pessoas próximas aos homens mortos, em especial daqueles que não tinham qualquer antecedente criminal. O objetivo é verificar se esses dois homens tinham alguma ligação criminosa, como envolvimento com o tráfico de drogas daquela região.
A chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, evitou comentar as imagens. Ela informou que a corregedoria da polícia está instaurando um novo inquérito para apurar a conduta dos policiais, e que só vai avaliar a postura dos agentes após a conclusão das investigações. Por ora, nenhum dos policiais que estiveram naquela operação foi afastado.
"A resposta sobre afastamento não pode ser dada neste momento. O delegado acabou de receber o inquérito. Essa posição será dada no momento em que tudo estiver concluído", afirmou a delegada.
Os policiais que participaram da operação foram ouvidos anteriormente no inquérito que tramitou na 36ª DP (Santa Cruz), distrito policial daquela região. A corregedoria vai tomar um novo depoimentos de todos, para tentar identificar quem carrega um dos corpos, conforme mostra o vídeo, e quem é carregado.
"Por imagens, fica muito difícil a gente precisar. Vai ser feita uma nova oitiva dos policiais civis que participaram da operação, para tentar identificar pontualmente a ação de cada um dos policiais, e o local do evento-morte de cada um deles. Vamos tentar montar toda a rotina da operação, até o fim. Quem atirou em quem, quem era encarregado do quê", explicou o delegado Glaudiston Galeano, da Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol).