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Polícia

Rio: MP denuncia PMs suspeitos de homicídio, tortura e roubo

22 mai 2010 - 23h46
(atualizado às 23h49)
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Quatro policiais do 16º Batalhão de Polícia Militar (Olaria), acusados de matar o caixa de farmácia Marcílio de Souza Silva, 24 anos, em fevereiro, perto da Vila Cruzeiro, na Penha, Rio de Janeiro, foram denunciados por homicídio, tortura e roubo pelo Ministério Público Estadual, que pediu a prisão de todos. Em março, o juiz da 1ª Vara Criminal, Fábio Uchôa Pinto de Miranda Montenegro, decretou a prisão preventiva dos cabos André da Silva Sá e Rogério Conde de Oliveira e dos soldados Eduardo José da Silva Valentim e Francisco Emanuel Borges dos Santos. Eles estão no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, e negam as acusações.

Marcílio e um primo passavam de moto na Vila da Penha quando teriam sido pegos pelos policiais, que estavam em serviço e os teriam levado para Parada de Lucas. O primo conseguiu escapar. O corpo de Marcílio foi encontrado horas depois, na Vila da Penha, no momento em que o pai dele registrava seu desaparecimento na 22ª Delegacia de Polícia (Penha). O jovem estava amarrado em posição fetal, com dois tiros na cabeça.

Na denúncia, o Ministério Público diz que os PMs são de intensa periculosidade e que há indícios suficientes de autoria do crime, que aconteceu de "forma cruel e violenta" (com ocultação do cadáver). A vítima não teria sido morta na Penha, onde estava seu corpo.

No pedido de prisão dos policiais, o MP diz ser "necessária para garantia da ordem pública, a fim de resguardar o meio social da prática de novos crimes". Os promotores consideram que os réus, que deveriam zelar pela segurança pública, demonstram ser perigosos. Na denúncia, o MP considera certo que o crime foi praticado "em verdadeira execução, denotando extrema brutalidade".

Em sua decisão, na qual determinou a prisão dos PMs, o juiz argumenta que é importante para manter a segurança das testemunhas. "A prisão trará maior tranquilidade para que as testemunhas prestem declarações com segurança, sem temerem represálias por parte dos réus pelo fato de serem policiais militares que atuam no local", diz o texto.

Versões contraditórias aumentam suspeita

O processo na Justiça tem três volumes e já passa de 400 páginas. Uma audiência está marcada para a próxima sexta-feira. Marcílio e o primo teriam passado uma hora em poder dos PMs. Eles teriam sido levados a Parada de Lucas, onde o sobrevivente afirmou ter sido roubado, levado chutes e tapas no rosto. Ele escapou ao pular muro da linha férrea.

Na época, os PMs teriam contado informalmente que abordaram os jovens em Parada de Lucas mas afirmaram que os liberaram e que só souberam da morte de Marcílio no dia seguinte. Mas o GPS de uma das patrulhas mostrou que às 21h o veículo passou por onde o corpo de Marcílio foi deixado.

As vítimas eram moradoras da Cidade de Deus e teriam ido à Vila Cruzeiro naquela noite para se desculpar com traficantes refugiados na Penha. O motivo seria a briga entre a mulher de um dos rapazes com a namorada de um bandido.

Fonte: O Dia
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