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Polícia

Rio: jovem agredido com cinzeiro volta ao Copacabana Palace com polícia

Ruan Nascimento, agredido durante protesto em festa de casamento, acusa parente da noiva de mais duas agressões e exige indenização

15 jul 2013 - 18h06
(atualizado às 18h35)
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Ruan foi agredido com um cinzeiro na testa enquanto participava de protesto e levou seis pontos
Ruan foi agredido com um cinzeiro na testa enquanto participava de protesto e levou seis pontos
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O jovem Ruan Martins Nascimento, 24 anos, voltou ao hotel Copacabana Palace na tarde desta segunda-feira na companhia do delegado da 12ª Delegacia de Polícia, José William de Medeiros. O estudante de modelagem explicou para o policial como foi agredido com um cinzeiro na testa enquanto participava de protesto durante casamento da neta do empresário Jacob Barata, conhecido no Rio de Janeiro como o "Rei do Ônibus".

Ruan contou que estava separando uma briga entre manifestantes e uma senhora que saía do hotel quando sentiu o choque. "Caí no chão e apaguei. Um amigo pegou o cinzeiro e mais tarde fomos reclamar com o hotel, mas a segurança fez pouco caso. Talvez eu não estivesse sangrando o suficiente", ironizou o jovem, que levou seis pontos na testa por causa da agressão.

Ruan Martins Nascimento, 24 anos, voltou ao hotel Copacabana Palace na tarde desta segunda-feira na companhia do delegado da 12ª Delegacia de Polícia, José William de Medeiros
Ruan Martins Nascimento, 24 anos, voltou ao hotel Copacabana Palace na tarde desta segunda-feira na companhia do delegado da 12ª Delegacia de Polícia, José William de Medeiros
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O delegado reconheceu que o principal suspeito da agressão é Daniel Barata - que em entrevista ao Terra se disse irmão da noiva, mas, segundo o delegado, seria primo dela -, que foi flagrado jogando aviõezinhos com notas de R$ 20 da sacada do hotel. O economista deve ser ouvido ainda nesta semana. "Temos várias testemunhas que afirmam que foi ele o agressor. Ainda preciso ouvi-lo e peço para que ele me procure para esclarecermos isso da maneira mais rápida possível", disse Medeiros.

Ruan ainda acusa Daniel Barata de ter cometido outras duas agressões, que o delegado também pretende esclarecer. "Ele deu um soco no advogado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que acompanhava a manifestação e um tapa numa outra menina na entrada da festa. Eu não sei se ele estava irritado porque não está ganhando um salário suficiente ou estava bêbado. Se não sabe beber, bebe leite", afirmou o estudante.

<p>Ruan ainda acusa Daniel Barata de ter cometido outras duas agressões, que o delegado também pretende esclarecer</p>
Ruan ainda acusa Daniel Barata de ter cometido outras duas agressões, que o delegado também pretende esclarecer
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Ruan pretende processar Daniel Barata e exigir uma indenização. "Quero acabar com essa burguesia que está acabando com a gente há tanto tempo. Não dá mais para suportar o que eles estão fazendo com a gente", completou.

Apesar de ter sido agredido e sofrido um corte na testa, Ruan não se arrepende de ter participado do protesto e garante presença também na quarta-feira, quando está prevista uma manifestação em frente à casa do governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB). "Acho que é nosso dever protestar e tirar esses corruptos do poder. A gente não aguenta mais corrupção."

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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