Relembre personagens criados por Glauco; Geraldão marcou época
O personagem mais marcante da carreira de Glauco Villas Boas, 53 anos, foi Geraldão - descrito no site do cartunista como "um consumidor inveterado de uns 30 anos, solteiro que mora com a mãe - com quem tem uma relação neurótica- e continua virgem até hoje". Glauco e seu filho Raoni Villas Boas, 25 anos, foram mortos na madrugada desta sexta-feira em Osasco (SP) durante um assalto na sua residência.
Lançado em 1981 no livro independente Minorias do Glauco, Geraldão foi publicado na Folha de S.Paulo. Entre as características do personagem, ele bebe, fuma, ataca a geladeira, toma todos os que vê pela frente. Segundo o site oficial do cartunista, "ele usava uma calça sem elástico", mas agora "passa o dia todo peladão".
Entre os personagens coadjuvantes da tira, o site de Glauco destaca: a mãe - aposentada que "não agüenta mais o filho, só que não o deixa arrumar uma namorada" e "de vez em quando", espia o filho no banho; Enceradeira com buzinão - funciona ora a manivela, ora a carvão, mas tem memória de elefante; Sônia Braga - que não é atriz, e sim uma boneca inflável e a primeira paixão do personagem principal; Sharon Stone 1.8 - a segunda boneca inflável de Geraldão, que desbancou e aposentou a primeira.
Casal Neuras
Outra tirinha de sucesso de Glauco é o Casal Neuras. Criado em 1984, o casal é baseado no primeiro casamento do cartunista. Os personagens são "uma mulher que não é mais submissa e por um homem com pose de liberal, mas que morre de ciúmes dela". O site oficial afirma que o casal foi a forma do autor exorcizar o fantasma do machismo.
Dona Marta
Educada à maneira antiga, Dona Marta, ao ver que não arrumaria namorado, "passou para o ataque". Criada em 1981, junto com Geraldão, a personagem não importa quem seja, mas ataca o chefe, o entregador, ou quem estiver passando. O site do cartunista afirma que a personagem é baseada em uma amiga de Glauco que "até hoje, não sabe que virou desenho".
Zé do Apocalipse
O site de Glauco descreve Zé como o "profeta brasileiro", que acredita que o Brasil é "o berço de uma nova raça, a terra do novo milênio" e fica difundindo suas ideias em praça pública. O personagem é baseado em um amigo do cartunista que vive em uma comunidade alternativa.
Doy Jorge
O personagem é inspirado na noite paulistana e uma crítica ao consumo de cocaína: o personagem é um roqueiro malsucedido que usa drogas pesadas. Pelo conteúdo pesado, Doy Jorge estreou nos anos 80 nas revistas de Glauco e depois passou à Folha.