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Polícia

'Queremos um julgamento com o rigor da lei', diz pai de dentista morta

Cinthya Magaly Moutinho de Souza foi queimada viva durante um assalto em seu consultório no Jardim Hollywood, em São Bernardo do Campo

30 abr 2013 - 19h06
(atualizado às 19h15)
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<p>"Nunca imaginei chegar aos 70 anos em uma situação dessas. Nossa vida está difícil, não poderia ser diferente", disse o pai da dentista</p>
"Nunca imaginei chegar aos 70 anos em uma situação dessas. Nossa vida está difícil, não poderia ser diferente", disse o pai da dentista
Foto: Bruno Santos / Terra

Cinco dias após o assassinato da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 47 anos, queimada viva durante um assalto em seu consultório dentário no Jardim Hollywood, em São Bernardo do Campo, cerca de 250 pessoas se reuniram em frente ao local do crime e saíram em uma passeata pelo bairro, que se estendeu até a pista local da rodovia Anchieta, que liga a região do Grande ABC à capital paulista. Os vizinhos, ainda assustados com a brutalidade do crime, cobravam Justiça e mudanças no código penal brasileiro. A principal reivindicação foi a redução da maioridade penal. Entre os quatro presos acusados pelo crime, um deles, menor de 18 anos, teria assumido à polícia o ato criminoso.

Na frente do consultório - que teve a placa de identificação retirada pelos familiares -, flores deixadas pelos vizinhos e um pano preto em sinal de luto. Diante do portão, Viriato Gomes de Souza, 70 anos, falou sobre a dor de perder a filha e da dificuldade da família em entender o que aconteceu.  

"Nunca imaginei chegar aos 70 anos em uma situação dessas. Nossa vida está difícil, não poderia ser diferente. Tínhamos um grupo de quatro pessoas que mantinham um relacionamento mútuo. Agora são só três. Como pai, sou suspeito, mas ela era maravilhosa", disse ele, que agora vive com sua mulher e uma outra filha.

De acordo com ele, a prisão dos acusados não coloca um ponto final na história. "Agora o Judiciário precisa fazer a sua parte, fazer um julgamento ímpar, com o rigor da lei", afirmou.  

O pai da vítima diz que a partir de agora pretende reconstruir a sua vida, de maneira discreta, como sempre foi de costume na sua família. "Tenho minha convicção pessoal, de contribuir com a sociedade dando o meu exemplo, sendo um homem justo e honesto. Não vou fazer militância, entrar para a política. Quero apenas dar o meu exemplo."

'Temos que acreditar na recuperação das pessoas', diz especialista:

Na sua opinião, mesmo com eventual mudança na lei - que inclui a diminuição da maioridade penal -, não vai resolver o problema de violência no País. "É preciso mudar o homem. Mudando o homem, vamos mudar o mundo. Precisamos investir nas gerações futuras. Assim, não precisaremos construir tantos presídios, mas, sim, escolas."

Mônica Formigoni, amiga da vítima, diz que a rotina do bairro está mudada desde a semana passada. "É difícil, revoltante. Aqui é muito tranquilo, quase como uma cidade do interior. As pessoas estão revoltadas com o que aconteceu. Foi a gota d'água. Precisamos rever a questão da maioridade penal. Estamos em um momento em que a sociedade pede a mudança das leis para que não ocorram mais casos como o da Cinthya", disse.

Fonte: Terra
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