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Polícia

Presidente do TJ-RJ diz que juíza assassinada não pediu proteção

12 ago 2011 - 12h40
(atualizado às 12h54)
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Luís Bulcão
Direto do Rio de Janeiro

O presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, afirmou que a juíza Patrícia Acioli, assassinada na noite de quinta-feira, não havia solicitado segurança à justiça. O desembargador confirmou que a magistrada recebeu proteção de três policiais entre 2002 e 2007 por iniciativa do próprio tribunal. Segundo ele, também foi o TJ que julgou desnecessária a manutenção da escolta, reduzindo para apenas um policial a partir de 2007.

"O tribunal chegou à conclusão de que não havia necessidade de continuar com a segurança intensa. Muitos magistrados que recebem proteção por um tempo acabam eles mesmos pedindo para que ela seja aliviada quando não julgam mais necessária", afirmou. Segundo o desembargador, a juíza optou por dispensar a proteção quando foi proposta a redução da segurança de três policiais para um.

Rebêlo contou que havia encontrado a juíza há poucos dias e ela não teria relatado nenhuma ameaça. "Ela parecia feliz. Até brincou comigo", relatou. O desembargador afirmou que o Judiciário está de luto pela morte de Patrícia. "Era uma pessoa extremamente rigorosa, que enfrentava os processos com coragem", afirmou.

O desembargador disse que vai convocar uma força-tarefa de três juízes para dar agilidade aos processos que Patrícia era responsável. Segundo ele, o o gabinete dela no Fórum de São Gonçalo foi lacrado e todas as informações necessárias para a investigação serão preservadas.

Rebêlo afirmou estar confiante na ação da polícia. Ele relatou que o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, colocou os efetivos necessários da Polícia Civil e da Polícia Militar para que o caso seja investigado. Segundo o desembargador, os quatro autores dos disparos abordaram o veículo da juíza a bordo de duas motocicletas. "Eles estavam encapuzados, mas estou confiante porque eles podem não terem usado capuz durante todo o trajeto", afirmou.

Rebêlo disse que o assassinato não vai intimidar o judiciário: "O crime não vai ficar impune. É um caso de honra para a magistratura Fluminense".

Juíza estava em "lista negra" de criminosos

A juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, foi assassinada a tiros dentro de seu carro, por volta das 23h30 do dia 11 de agosto, na porta de sua residência em Piratininga, Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo testemunhas, ela foi atacada por homens em duas motos e dois carros. Foram disparados pelo menos 15 tiros de pistolas calibres 40 e 45, sendo oito diretamente no vidro do motorista.

Patrícia, 47 anos, foi a responsável pela prisão de quatro cabos da PM e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. Ela estava em uma "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro de 2011 em Guarapari (ES) e considerado o chefe da quadrilha. Familiares relataram que Patrícia já havia sofrido ameaças e teve seu carro metralhado quando era defensora pública.

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Foto: Luís Bulcão / Especial para Terra
Fonte: Terra
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