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Polícia

PR: começa novo julgamento de acusada de matar menino Evandro

27 mai 2011 - 12h30
(atualizado às 21h52)
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Roger Pereira
Direto de Curitiba

Acusada de, junto com sua mãe, Celina Abagge, ser a mandante da morte do menino Evandro Ramos Caetano, que desapareceu em 1992, aos 6 anos de idade, em Guaratuba, litoral do Paraná, Beatriz Celina Abagge começou a ser julgada nesta sexta-feira, no Tribunal do Júri de Curitiba. Mãe e filha foram julgadas em 1998 e inocentadas, porque não ficou comprovado que o corpo encontrado era de Evandro. O Ministério Público (MP) recorreu da decisão e pediu um novo julgamento, alegando que a perícia da arcada dentária e o exame de DNA que provavam que o corpo era do menino foram desconsiderados no julgamento.

Beatriz Celina Abagge nega envolvimento na morte do menino Evandro, em 1992
Beatriz Celina Abagge nega envolvimento na morte do menino Evandro, em 1992
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra

Quase um ano depois, em março de 1999, o júri que absolveu Beatriz e Celina foi anulado pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. Celina não será mais julgada por conta da idade: 70 anos.

O caso

O caso do menino Evandro chocou o País, pois a acusação é que o corpo tenha sido usado em sacrifício num ritual de magia negra. Evandro desapareceu no caminho entre a escola e sua residência, em 6 de abril de 1992. Beatriz e a mãe foram acusadas de sequestrar a criança e também de ter participado do ritual em que Evandro teria sido morto. O corpo foi encontrado cinco dias depois do crime num matagal da cidade. As vísceras e o coração tinham sido retirados e as mãos e os pés tinham sido cortados.

Além das Abagge, outras cinco pessoas foram julgadas por envolvimento no crime. O pai de santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram condenados em 2004. Já Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos em 2005.

A defesa de Beatriz segue sustentando que o corpo identificado pelo pai de Evandro , por exame de DNA e pela arcada dentária, não era do menino e pede a exumação do corpo. Os advogados de defesa apresentaram um documento que mostra que o teste da arcada dentária foi assinado por uma auxiliar de necropsia que não tinha primeiro grau completo, quando deveria estar assinado por um legista ou odontólogo profissional . "Isso não é importante. O que interessa é o exame de DNA", afirmou o promotor Paulo Sérgio Markowicz.

"Como é que eles podem falar, se o filho não era deles? O pai viu, o pai reconheceu, o pai fala até hoje que era o menino. E qual é o pai ou a mãe que não reconhece o filho que tem? O meu filho foi encontrado e está enterrado, está no cemitério", disse a mãe de Evandro, Maria Caetano.

Testemunhas
Nesta manhã, a defesa levou como testemunha o perito Arthur Drischel, que fez o levantamento no local em que foi encontrado o corpo identificado como de Evandro no dia 11 de abril de 1992, cinco dias depois do desaparecimento. Drischel disse que o cadáver encontrado tinha 1,19 m, altura incompatível com um menino de 6 anos. Segundo ele, é provável que o corpo não fosse de Evandro. O perito afirmou também que as lesões encontradas no corpo não foram feitas por um facão, instrumento que, segundo os outros acusados do crime, teria sido usado para mutilar o menino.

A defesa também tentou arrolar como testemunha o delegado Adalto Abreu de Oliveira, chefe do Grupo Especial Tigre, encarregado do caso na época, que, em recente entrevista, declarou acreditar que Evandro tenha sido sequestrado e vendido para o exterior, estando vivo até hoje, mas o juiz Daniel Surdi Avelar negou o pedido por respeito aos prazos.

Com oito testemunhas para serem ouvidas antes das alegações finais e da reunião do júri para decidir a sentença, não há previsão para o término do julgamento. Caso passe das 20h, a sessão será suspensa e retomada no sábado.

Fonte: Especial para Terra
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