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Polícia

PR: acusada de matar menino em ritual fala a portas fechadas

27 mai 2011 - 22h41
(atualizado em 28/5/2011 às 00h23)
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Joyce Carvalho
Direto de Curitiba

O Tribunal do Júri de Curitiba (PR) suspendeu na noite desta sexta-feira o segundo julgamento de Beatriz Celina Abagge, 47 anos, acusada de encomendar a morte do menino Evandro Ramos Caetano, que desapareceu em 1992 em Guaratuba, no litoral do Paraná, aos 6 anos de idade. O corpo da criança foi encontrado dias depois em um matagal. Beatriz e sua mãe, Celina, são acusadas de sequestro, cárcere privado e homicídio triplamente qualificado. A morte do menino teria acontecido em um ritual de magia negra. O primeiro dia do novo julgamento foi marcado pelo depoimento de Beatriz, que falou a portas fechadas.

A acusação é de que o corpo do menino tenha sido usado em sacrifício num ritual de magia negra
A acusação é de que o corpo do menino tenha sido usado em sacrifício num ritual de magia negra
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra

A audiência será retomada às 8h30 deste sábado, com os debates entre acusação e defesa. A expectativa é de que o veredicto seja anunciado no final da tarde de amanhã. O depoimento mais esperado era o da própria Beatriz Abagge, a última a ser ouvida nesta sexta-feira, mas a defesa pediu que a acusada falasse com o plenário vazio, o que foi deferido pelo juiz Daniel Avelar, que conduz o julgamento.

Os sete jurados a ouviram por cerca de uma hora. Na saída do Tribunal de Júri, Beatriz não quis falar com a imprensa. Durante o dia foram ouvidas quatro testemunhas de defesa e três de acusação, e entre elas estão o perito criminal Arthur Drishel e a odontolegista Beatriz França. Drishel, convocado como testemunha de acusação, falou sobre o corpo encontrado no matagal e as diferenças entre as lesões que supostamente teriam sido feitas no ritual e as encontradas no menino, o que favoreceu a defesa.

Já Beatriz França garantiu que o corpo encontrado era mesmo de Evandro, pois foi achada na arcada dentária do corpo, segundo ela, uma restauração atípica, confirmada pela dentista do garoto na época. A última testemunha de acusação foi o promotor Roberto Dacal, que chegou a estar envolvido no caso. Ele disse que, enquanto presas, Beatriz e Celina teriam informalmente confessado o crime.

Emoção

A defesa fez, durante todo o processo, 20 pedidos de exumação do corpo, sempre negados pela Justiça. Beatriz Abagge se mostrou emocionada quando terminou o intervalo dado à noite para os jurados lancharem. A defesa pediu que o depoimento dela fosse reservado, pois a acusada poderia relatar fatos que nunca foram revelados. Beatriz e Celina Abagge alegam que apenas confessaram o crime porque foram torturadas pelos policiais que fizeram as investigações iniciais.

Beatriz é julgada pela segunda vez. O primeiro foi realizado em 1998, durou 34 dias e as duas foram absolvidas, mas o Ministério Público (MP) recorreu. Desde então, o julgamento tem sido adiado. Mãe e filha chegaram a ficar presas por 3 anos e 9 meses e mais 3 anos de prisão domiciliar entre 1992 e 1998. Celina não está sendo julgada pela segunda vez porque tem mais de 70 anos.

O caso

O caso do menino Evandro chocou o País, pois a acusação é que o corpo tenha sido usado em sacrifício num ritual de magia negra. Evandro desapareceu no caminho entre a escola e sua residência, em 6 de abril de 1992. Beatriz e a mãe foram acusadas de sequestrar a criança e também de ter participado do ritual em que Evandro teria sido morto. O corpo foi encontrado cinco dias depois do crime num matagal da cidade. As vísceras e o coração tinham sido retirados e as mãos e os pés tinham sido cortados.

Além das Abagge, outras cinco pessoas foram julgadas por envolvimento no crime. O pai de santo Osvaldo Marcineiro, o pintor Vicente Paulo Ferreira e o artesão Davi dos Santos Soares foram condenados em 2004. Já Francisco Sérgio Cristofolini e Airton Bardelli dos Santos foram absolvidos em 2005.

A defesa de Beatriz segue sustentando que o corpo identificado pelo pai de Evandro , por exame de DNA e pela arcada dentária, não era do menino e pede a exumação do corpo. Os advogados de defesa apresentaram um documento que mostra que o teste da arcada dentária foi assinado por uma auxiliar de necropsia que não tinha primeiro grau completo, quando deveria estar assinado por um legista ou odontólogo profissional . "Isso não é importante. O que interessa é o exame de DNA", afirmou o promotor Paulo Sérgio Markowicz.

"Como é que eles podem falar, se o filho não era deles? O pai viu, o pai reconheceu, o pai fala até hoje que era o menino. E qual é o pai ou a mãe que não reconhece o filho que tem? O meu filho foi encontrado e está enterrado, está no cemitério", disse a mãe de Evandro, Maria Caetano.

Fonte: Especial para Terra
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