A Polícia Civil do Rio de Janeiro faz na tarde desta segunda-feira a reconstituição da morte de Douglas Rafael da Silva, o DG, dançarino do programa Esquenta, da TV Globo, na favela Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul da capital. DG foi encontrado morto em uma área estreita nos fundos de uma creche da comunidade no dia 22 de abril. Na noite anterior, policiais trocaram tiros com bandidos. A família e amigos do dançarino acreditam que ele tenha sido espancado e morto por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
A reconstituição começou por volta das 15h30. No local, há dezenas de policiais civis, entre peritos, homens da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil, Divisão de Homicídios e da 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema). A Polícia Militar faz o reforço da segurança no Pavão-Pavãozinho. Os policiais interditaram uma área no alto do morro, perto do loal onde o dançarino foi encontrado, e fazem medições na área.
De uma janela do terceiro andar de uma casa da favela, peritos fotografaram a creche, que fica em frente, e mediram a altura até o chão com uma trena. Em uma viela em frente a essa casa, os peritos colocaram uma escada, apoiada no muro de trás da creche onde DG foi encontrado morto.
Nove policiais militares da UPP Pavão-Pavãozinho que estavam trabalhando na noite em que DG foi morto participam da reconstituição. Seis deles teriam dito que participaram de uma troca de tiros com bandidos naquela noite. Os PMs chegaram à reprodução simulada de óculos escuros e bonés.
Na reconstituição, os policiais tentam entender como DG foi baleado e se ele pulou de alguma laje até chegar ao local onde foi encontrado morto, nos fundos de uma creche.
Para tentar achar fragmentos que podem ajudar a explicar o crime, peritos cavaram uma parte de uma viela atrás da creche e passaram a terra em uma peneira, já que o tiro atravessou o corpo da vítima.
A ex-namorada de DG e mãe da filha dele, Larissa Ignácio, acompanha a reconstituição, mas não quis falar com a imprensa. Policiais da Corregedoria da Polícia Militar também estão no local. A previsão é que a reconstituição dure a noite toda.
A morte do dançarino motivou um grande protesto nas ruas do entorno da favela em Copacabana, que foram interditadas no dia 22 do mês passado. Moradores atearam fogo em objetos e a polícia foi ao local. Durante o protesto, outro morador do Pavão-Pavãozinho foi morto com um tiro. O enterro do dançarino também causou grande comoção, e familiares e amigos fizeram manifestação ao chegar e ao deixar o cemitério São João Batista.
No dia em que o corpo do dançarino foi encontrado, a polícia chegou a afirmar que a morte dele poderia estar relacionada com uma queda, devido a marcas no corpo. No dia seguinte, porém, a secretaria de Segurança confirmou que DG foi morto com um tiro, que atravessou o corpo dele. Na declaração de óbito do dançarino, a causa da morte foi registrada como sendo "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax - ação perfuro-contundente”.
A mãe de DG, Maria de Fátima da Silva, estranhou o fato de o corpo do filho ter sido encontrado molhado, assim como os documentos dele, e com vários hematomas.
Devido às suspeitas de participação na morte do dançarino, dez PMs da UPP do Pavão-Pavãozinho tiveram as armas recolhidas pela Polícia Civil para perícia e prestaram depoimento.
Na época do crime, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que, na noite de 21 de abril, horas antes de o corpo de DG ter sido encontrado, policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho foram conferir uma denúncia de que um traficante chamado Pit Bull, que seria um dos comandantes do tráfico, estaria em uma localidade da favela chamada quinta estação. Pit Bull já foi preso em 2008, mas recebeu um beneficio judicial e voltou à favela. Pouco antes do local, os PMs foram surpreendidos com bombas caseiras e revidaram rapidamente. No dia seguinte, PMs da UPP e policiais civis encontraram o corpo.
Copacabana, no Rio de Janeiro, amanheceu em clima de tensão depois do protesto e tiroteio após morte de um dançarino em favela no entorno da comunidade Pavão-Pavãozinho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira foi encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na terça-feira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil que acompanha a família da vítima, DG, como era conhecido, já havia se desentendido com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi encontrado morto na tarde de terça- feira e a morte dele motivou um protesto com objetos incendiados, um morto e ruas interditadas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo o advogado Rodrigo Mondego, a família de Douglas quer esclarecer vários indícios sobre o corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A declaração de óbito de Douglas aponta 'ferimento transfixante' como causa da morte
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Muito provavelmente isso é tiro. É um objeto que perfurou o tórax", disse o advogado
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A polícia, no entanto, disse que não há marcas de tiros no corpo de Douglas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O dançarino foi achado em uma parte estreita de uma creche da favela por um morador que chamou a polícia
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O advogado disse que a família estranhou o fato de o corpo ter sido achado molhado, apesar de não ter chovido na região e da área não ter saída de água
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"O rosto dele estava muito machucado, como se tivesse apanhado muito", disse o advogado Rodrigo Mondego
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Douglas foi visto vivo à 1h de terça-feira (22) e o corpo foi encontrado horas depois, às 14h. Ele morava com a mãe em Copacabana e deixou uma filha de 4 anos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, no Rio de Janeiro, protestaram na noite desta terça-feira contra a morte de Douglas Rafael da Silva Pereira, 25 anos, dançarino de um programa de auditório da Rede Globo
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) afirmam que foram chamados por moradores para retirar o corpo de Douglas de dentro de uma escola. ONGs que atuam na área disseram terem ouvido relatos que o dançarino teria morrido após ser espancado por policiais da UPP
Foto: Murilo Rezende / Futura Press
Objetos foram incendiados, barricadas montadas e a estação do metrô da rua Sá Ferreira foi fechada
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
A manifestação interditou vias importantes do bairro, como a avenida Nossa Senhora de Copacabana e o túnel Sá Freire Alvim
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um homem aparentando 30 anos levou um tiro na cabeça durante os protestos e já chegou morto ao hospital
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Um menino de 12 anos também foi baleado. Segundo relato de moradores, o garoto, que tem problemas mentais, descia uma ladeira com as mãos para cima no momento em que foi atingido
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Douglas em participação no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé, no qual atuava como dançarino: "S2 REGINA & D.G S@", escreveu ele na legenda
Foto: Facebook / Reprodução
Na foto, Douglas posa com a funkeira Valesca Popozuda: "Desejo a todos inimigos vida longa!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas posa com a funkeira Anita: "Minha Esposaa rsrsrsrsr SQN !!!! ANITTA s2", escreveu ele na legenda da foto usada em seu perfil no Facebook. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado do músico Gabriel o Pensador: "Ele é o Cara!", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Douglas ao lado da cantora Cláudia Leite: "Eu & Ela Claudia Leite", escreveu ele na legenda. Em sua conta no Facebook, Douglas aparece ao lado de famosos. Ele era dançarino no programa "Esquenta", comandado por Regina Casé
Foto: Facebook / Reprodução
Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Laudo do IML mostra as causas da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima foi à delegacia prestar depoimento e mostrar o laudo da perícia que contém o atestado de óbito apontando como causa de morte uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Documento de identidade do dançarino do Esquenta, Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
"Tenho certeza de que ele foi torturado", afirmou a mãe do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A mãe do dançarino falou que gostaria de ficar com uma memória alegre do filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Ela diz ter a convicção de que Douglas foi torturado antes de morrer
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Maria de Fátima da Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, vela o filho
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A Polícia Civil confirmou que havia uma perfuração de tiro no corpo do dançarino
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na entrada do velório, Maria de Fátima disse ao Terra que se a perícia sobre a causa da morte não for correta, ela mesma desenterrará o corpo
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse em entrevista coletiva que não descarta hipótese de policiais terem matado Douglas
Foto: Governo do Rio / Divulgação
Amigos mototaxistas dão último adeus no funeral do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, encontrado morto em uma creche no morro Pavão-Pavãozinho
Foto: Ale Silva / Futura Press
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Enterro de dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira é marcado pela emoção e sentimento de revolta.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A apresentadora Regina Casé participa do enterro de DG, dançarino de seu programa, Esquenta
Foto: Douglas Schineidr / Jornal do Brasil
Policiais se preparam para a reconstituição da morte de DG na favela Pavão-Pavãozinho
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Para a reconstituição, equipes da polícia interditaram uma área no alto do morro, perto da creche onde o dançarino foi encontrado morto
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Policiais durante a reconstituição da morte de DG. Ao fundo, os moradores pintaram o rosto do dançarino na parede de um barraco, com inscrições "Justiça Douglas DG"
Foto: Marcelle Ribeiro / Terra
Os peritos colocaram uma escada, apoiada no muro de trás da creche onde DG foi encontrado morto.