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Polícia

PM impede entrevista em 'passeio' com imprensa no Pinheirinho

23 jan 2012 - 22h34
(atualizado às 23h45)
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Vagner Magalhães
Direto de São José dos Campos

A comunidade do Pinheirinho, que ocupa um terreno de 1,3 milhão de m² em São José dos Campos, no interior de São Paulo, passou o dia isolada pela Polícia Militar, que desde domingo cumpre mandado expedido pela Justiça de reintegração de posse da área. Com as entradas controladas, os moradores só têm autorização para retirar os bens acompanhados pelos policiais. A partir dessas barreiras, os jornalistas também são impedidos de entrar.

Homem retira televisão de moradia desocupada pela PM no Pinheirinho, em São José dos Campos (SP)
Homem retira televisão de moradia desocupada pela PM no Pinheirinho, em São José dos Campos (SP)
Foto: Vagner Magalhães / Terra

Por volta das 18h30 desta segunda-feira, repórteres, cinegrafistas e fotógrafos foram convidados a "conhecer" a comunidade. De carona em uma base móvel da PM, parte do terreno pôde ser fotografada. Moradores retirando móveis, policiais fazendo troca de turno e parte de casas já demolidas puderam ser registradas.

Porém, o que mais chamou a atenção foram as instruções iniciais em que foi determinado que o grupo não poderia se separar "por questões de segurança" e que a regra central era não falar com policiais, oficiais de Justiça nem com moradores. Apenas imagens, sem contextualização.

Do lado de fora da comunidade, moradores dispostos a falar lamentavam a falta de informações e a incerteza de quando poderiam recuperar os seus bens. Júlio Luiz Vieira era um deles. Aos 72 anos, ele morava no Pinheirinho com a mulher, dois filhos e dois netos desde 2004. Para reaver mais rápido os pertences, alugou a Kombi de um conhecido mas, ao chegar ao local, foi informado que não poderia mais entrar no terreno na terça-feira.

A partir das 18h, os acessos ao local não foram mais permitidos. A "reabertura" só se dará a partir das 7h de quarta-feira. "Aluguei a Kombi por R$ 100, e agora faço o quê?", perguntou ele a um dos policiais. "Agora, só amanhã", respondeu o oficial. Resignado, Júlio disse que retornaria no dia seguinte. "Fazer o quê?"

Fonte: Terra
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