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Polícia

PM acusado de assassinar juíza tinha apelido de 'Jesus', diz acusação

Tido como membro de grupo de extermínio que extorquia traficantes em São Gonçalo (RJ), Carlos Adílio dizia que vítimas 'iriam conhecer Jesus'

16 abr 2013 - 12h23
(atualizado às 12h26)
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Familiares de Patrícia Accioli chegam para acompanhar o julgamento de um dos PMs acusados pela morte da juíza
Familiares de Patrícia Accioli chegam para acompanhar o julgamento de um dos PMs acusados pela morte da juíza
Foto: André Naddeo / Terra

Quinto PM a ser julgado no caso do assassinato da juíza Patricia Acioli, morta com 21 tiros na porta de casa, em agosto de 2011, Carlos Adílio Maciel Santos tinha o apelido de "Jesus" dentro do Grupamento de Ações Táticas (GAT) da Polícia Militar de São Gonçalo, na zona metropolitana do Rio de Janeiro. Contra ele pesam as acusações de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe) e formação de quadrilha.

O motivo do apelido é que costumava dizer às vítimas que "elas iriam conhecer Jesus", como relatou o comissário da Polícia Civil, José Carlos Guimarães, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e membro das investigações do homicídio da juíza, que culminou na acusação de 11 policiais militares. Quatro policiais já tiveram condenações entre 22 e 26 anos de reclusão em regime fechado. São eles: Sérgio Costa Júnior, Junior Cezar de Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão Júnior.

Dentro do GAT, de acordo também com outra testemunha de acusação, o delegado titular da DH na época do assassinato, Felipe Ettore, "Carlos Adílio participava da quadrilha, que arrecadava espólios (extorsões e propinas de traficantes) de R$ 11 mil por semana". Tais ações ocorriam nos complexos de favela da Coruja e do Salgueiro, em São Gonçalo.

Foi nesta última comunidade que a quadrilha decidiu assassinar Patricia Acioli, após a juíza expedir ordem de prisão contra o PM por um falso auto de resistência (quando a morte ocorre em legítima defesa), em função da execução de um adolescente. Também foi preso nesta ocasião outro PM, Sammy dos Santos Quintanilha, ainda a ser julgado.

"Ele abriu mão da parte dele (no espólio) para que o crime fosse praticado", explicou ainda Ettore, referendando a tese de que o réu ajudou a custear o crime bárbaro, complementado pelo comissário Guimarães. "Com este dinheiro que todos concordaram em abrir mão, eles compraram a moto e o carro usados na noite do crime, além de aparelhos celulares", explicou.

O advogado de defesa Robson Barcellos, por sua vez, tenta desconstruir a tese de formação de quadrilha, além de abordar que o seu cliente em nenhum momento foi flagrado em escutas telefônicas da Polícia Civil. Barcellos questionou Ettore acerca do tema.

"Estava preso e não há dúvidas que ele não foi autor dos disparos e não esteve no local, mas fez parte do planejamento e teve participação financeira dele", retrucou o ex-delegado da DH, que ainda citou uma conversa da irmã do réu, Glaucia Maciel Santos, cujo celular estava em nome de Carlos Adílio.

"Ela conversa com o pai dos filhos dela e diz que não tinha mais nada ali, que tudo havia sido retirado", explicou sobre a busca e apreensão autorizada pela Justiça, em vias de execução, na época. Além do próprio acusado, serão arroladas outras cinco testemunhas (uma foi dispensada) dentro do júri popular, formado por seis mulheres e um homem. O julgamento que só deve ter o seu veredito após as 21h desta terça-feira.

Líderes da quadrilha

Ao chegar para o julgamento da morte da irmã, Simone Acioli, como tem feito em outros júris já realizados a respeito do assassinato da magistrada, lembrou que ainda aguarda pela condenação dos policiais que considera os mentores da morte de Patricia: o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e o coronel Claudio Luiz de Oliveira.

Benitez era o comandante das guarnições do GAT, abaixo na hierarquia de Oliveira, então comandante do 7º BPM (São Gonçalo), tido como o líder da quadrilha em questão. "Não vamos sossegar, continuamos esperando o julgamento do Benitez e do coronel", fez questão de lembrar mais uma vez Simone Acioli.  Preso em um presídio federal em Rondônia, Claudio Oliveira ainda não tem data para ser julgado, pois recorre do processo em nível federal.

Simone disse ainda ter certeza de que o réu desta terça-feira "fez parte do complô para matar ela, todos têm culpa".  "Esperamos justiça", limitou-se a afirmar a mãe da juíza, Marli Acioli, também presente ao júri. Também estão no 3º Tribunal de Júri de Niterói, onde ocorre o julgamento, o ex-marido de Patrícia, Wilson Chagas, e o primo da juíza, Humberto Nascimento. O julgamento é presidido pelo magistrado Peterson Barroso Simão.

Fonte: Terra
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