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Polícia

Operação da PF prende ex-presidente da Valec em Goiás

5 jul 2012 - 07h58
(atualizado às 13h49)
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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, em Goiânia, a Operação Trem Pagador, que investiga desvios da empresa pública Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A., vinculada ao Ministério dos Transportes. A PF prendeu o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves conhecido como Juquinha, sua mulher, Marivone Ferreira das Neves, e seus filhos, Jader Ferreira das Neves e Marcelo Araújo Cascão. Foram apreendidos na ação cerca de R$ 60 milhões.

Batismo de fogo: os nomes "inusitados" das operações policiais

As investigações tiveram início em agosto de 2011 para apurar crimes de lavagem de dinheiro atribuídos a Juquinha, sua mulher e seus filhos. O MPF fazia levantamento patrimonial do ex-presidente da Valec com a finalidade ajuizar ação cautelar de indisponibilidade de bens, para assegurar o ressarcimento dos danos decorrentes do superfaturamento das obras da Ferrovia Norte-Sul, quando se deparou com o fato de que Juquinha e, principalmente, sua mulher e seus filhos adquiriam vasto patrimônio imobiliário, como fazendas, lotes e casas em condomínios fechados e apartamentos.

Quando candidato a deputado federal, em 1998, Juquinha declarou à Justiça Eleitoral ter patrimônio inferior a R$ 560 mil. A partir desta informação, surgiram indícios de que ele estaria usando a mulher e os filhos como "laranjas" para proteger e ocultar o patrimônio possivelmente obtido com o produto de crimes de peculato e de licitação que praticou no exercício do cargo de presidente da Valec. Esses indícios foram reforçados com o resultado de pesquisas em bancos de dados e com informações encaminhadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Como resultado das investigações, foram detectadas várias operações imobiliárias e financeiras destinadas a esconder bens, ocultar sua propriedade e distanciá-los ao máximo de suas origens. Com a deflagração da operação, com autorização do juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal em Goiás, a Polícia Federal busca documentos e informações que possam revelar outros bens ainda não identificados e novas provas dos crimes investigados.

A crise no Ministério dos Transportes

Uma reportagem da revista Veja do início de julho afirmou que integrantes do Partido da República haviam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo.

O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista. Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de obras que deram origem às denúncias".

Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos de um filho do ministro. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu pedido de demissão à presidente. Em seu lugar, assumiu Paulo Sérgio Passos, que era secretário-executivo da pasta e havia sido ministro interino em 2010.

Além de Nascimento, outros integrantes da pasta foram afastados ou demitidos, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron - único indicado pelo PT na direção do órgão -, o diretor-executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves, e assessores de Nascimento.

Fonte: Terra
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