O policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, negou ter matado a ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, encontrada morta aos 28 anos, em 2010. Em depoimento na tarde desta quarta-feira durante o terceiro dia de julgamento, no Fórum de Guarulhos (Grande SP), o acusado disse ainda que nunca matou ninguém - nem mesmo quando trabalho como PM -, e afirmou que considera não ter "o direito" e a "coragem" de tirar a vida de nenhum ser humano.
"Eu não matei ninguém, Excelência (em resposta ao juiz). (...) Eu não tenho coragem de tirar a vida de ser humano nenhum. Quem tem esse direito é quem nos deu", afirmou Mizael, que admitiu ter armas guardadas "encaixotadas" em casa, mas afirmou que nunca andou armado.
Mizael diz que foi torturado para admitir o assassinato:
O depoimento do réu começou por volta das 17h15, mas a acusação se recusou a interrogar o acusado, por considerar que ele já apresentou "seis versões diferentes" para explicar o caso. Um dos jurados questionou, em bilhete lido pelo juiz Leandro Bittencourt Cano em plenário, quais seriam essas versões a que o promotor Rodrigo Merli se referiu, mas o réu disse desconhecer.
"Essas versões que eles estão falando aqui não procedem. (...) Inclusive, a acusação pode ficar à vontade para fazer perguntas, eu respondo a todas às perguntas deles, dos jurados, da plateia. Eu não devo nada, não temerei", disse Mizael.
Armas
O réu também explicou no início de seu depoimento que se aposentou da PM em 1999 após ter sofrido um acidente, o que o impossibilitou de continuar a exercer a profissão. Disse ainda que, em virtude deste acidente, ele não consegue mais atirar com a mão direita (ele é destro).
"Eu sempre trabalhei interno na Polícia Militar porque eu tinha medo. (...) Eu não ando armado. Quem disse que eu ando armado está faltando com a verdade. Minhas armas estavam todas guardadas dentro de casa, encaixadinhas. (...) Com a mão direita eu não consigo atirar, mas com a esqueda eu consigo atirar, sim", afirmou.
Mizael também admitiu estar nervoso e justificou por que respondia de forma rápida às perguntas feitas por um de seus advogados. "Eu estou sofrendo muito com isso. Há três anos sofrendo com isso", afirmou. Ele afirmou ainda que ficou mais de um ano foragido por medo, mas negou ter intenção de fugir e disse que se apresentou espontaneamente à Justiça porque não "deve nada".
"Quem deve, tem de pagar pelo que fez. Quem não deve, tem de se rebelar. Foi o que eu fiz", disse.
11 de março - Mizael aguarda o início de seu julgamento pela morte da ex-namorada Mércia
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março O réu, Mizael Bispo, chega ao Fórum de Guarulhos escoltado em viatura da PM
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Carros da Polícia Militar transportaram Mizael, que é policial reformado
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Mizael será julgado pelo assassinato da ex-namorada, Mércia Nakashima
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Adão, irmão de Mizael, chega ao Fórum para assistir ao julgamento
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março O irmão do réu responde a perguntas de repórteres
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Janete Ferreira de Carvalho Nakashima (dir.), mãe de Mércia, chega para assistir ao júri
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Familiares de Mércia chegam ao Fórum de Guarulhos
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Makoto Nakashima, pai de Mércia, conversa com repórteres
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março O pai da vítima chega ao Fórum de Guarulhos
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Márcio Nakashima, irmão de Mércia, chega para acompanhar o julgamento
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Pessoas protestam pela absolvição de Mizael
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Manifestantes seguram faixas alegando que o réu é inocente
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março O delegado Antonio de Olim conversa com repórteres em frente ao Fórum
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março Repórteres aguardam o início do julgamento de Mizael Bispo de Souza no Fórum Criminal de Guarulhos
Foto: Fernando Borges / Terra
11 de março O ex-policial militar é acusado do homicídio da ex-namorada, Mércia Nakashima
Foto: Fernando Borges / Terra
12 de março - Acusado da morte da ex-namorada Mércia, Mizael entrou pelos fundos no Fórum de Guarulhos
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Advogado Wagner Aparecido Garcia é um dos três defensores de Mizael
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Mizael chega escoltado pela polícia para o segundo dia de seu julgamento no Fórum de Guarulhos
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Advogado Ivon Ribeiro considerou o primeiro dia de julgamento favorável ao seu cliente Mizael
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Prima de Mércia, Solange faz protesto do lado de fora do Fórum de Guarulhos
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Advogado Aryldo de Paula defende o acusado de ser cúmplice de Mizael, o vigia Evandro Bezerra, Aryldo de Paula
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Mãe de Mércia Nakashima, Janete Ferreira de Carvalho Nakashima chega para acompanhar o julgamento
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Assistente de acusação, Alexandre de Sá Domingues acredita que conseguirão provar a culpa de Mizael
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
12 de março - Imão de Mizael, Adão Noe Bispo de Souza chega para acompanhar o segundo dia de julgamento
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
13 de março - O advogado e policial militar reformado, Mizael Bispo, acusado de matar a ex-namorada Mércia Nakashima, chega para o terceiro dia de seu julgamento no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
13 de março - Julgamento de Mizael Bispo ocorre no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
13 de março - Protesto de familiares e amigos de Mércia durante julgamento do advogado e policial militar reformado, Mizael Bispo
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
14 de março - Mizael Bispo, acusado de matar Mércia Nakashima, chega para o quarto dia de seu julgamento no Fórum de Guarulhos
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
14 de março - Sentença de Mizael Bispo, acusado de matar Mércia Nakashima, deve sair nesta quinta-feira
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
14 de março - Família de Mércia chega para o que deve ser o último dia do julgamento de Mizael Bispo, acusado de a advogada, sua ex-namorada
Foto: Marcos Bezerra / Futura Press
14 de março - Márcio Nakashima, irmão de Mércia, chega ao fórum de Guarulhos para o quarto dia de julgamento de Mizael
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Irmão de Mércia afirma que Mizael se compara a Jesus Cristo
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Após ser condenado a 20 anos de prisão, Mizael deixa o fórum de Guarulhos escoltado
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Após ser condenado a 20 anos de prisão, Mizael deixa o fórum de Guarulhos escoltado
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Após ser condenado a 20 anos de prisão, Mizael deixa o fórum de Guarulhos escoltado
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Após ser condenado a 20 anos de prisão, Mizael deixa o fórum de Guarulhos escoltado
Foto: Fernando Borges / Terra
14 de março - Após ser condenado a 20 anos de prisão, Mizael deixa o fórum de Guarulhos escoltado
Foto: Fernando Borges / Terra
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O caso
A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.
Acusação dá risada de depoimento de Mizael e é repreendida:
O ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com a investigação, Mércia namorou durante cerca de quatro anos com Mizael, que não se conformava com o fim do relacionamento amoroso. A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local, mas seu julgamento ocorrerá separadamente, em julho deste ano.
Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. Entretanto, rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocaram os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Outra prova que será usada pela promotoria é um laudo pericial de um sapato de Mizael, no qual foram encontrados vestígio de sangue, partículas ósseas, vestígios do projétil da arma de fogo e uma alga típica de áreas de represa.
Mizael teve sua prisão decretada pela Justiça em dezembro de 2010, mas se escondeu após considerar a prisão "arbitrária e injusta", ficando foragido por mais de um ano. Em fevereiro de 2012, porém, ele se entregou à Justiça de Guarulhos e, desde então, aguardava ao julgamento no Presídio Militar de Romão Gomes - enquanto o vigia permanece preso na Penitenciária de Tremembé. Mizael nega ter assassinado Mércia e disse, na ocasião, que a tratava como "uma rainha". Já o vigia afirmou, em depoimento, que não sabia das intenções do advogado e que apenas lhe deu uma carona. Se condenados, eles podem ficar presos por até 30 anos.