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Polícia

Mulher é suspeita de ocultar cadáver da mãe por quatro meses

Corpo foi encontrado em uma casa em Bauru, interior de SP; filha estaria recebendo a aposentadoria da vítima, de 84 anos

18 jul 2015 - 10h40
(atualizado às 10h51)
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Corpo da vítima foi encontrado em um quarto sobre um colchão que estava no chão, coberto com panos e envolto em uma colcha
Corpo da vítima foi encontrado em um quarto sobre um colchão que estava no chão, coberto com panos e envolto em uma colcha
Foto: Divulgação

A descoberta de um corpo já em estado de mumificação em uma casa de Bauru, no interior de São Paulo, intriga a polícia. O caso foi registrado na tarde desta sexta-feira no bairro Pousada da Esperança. A vendedora Alzira Costa da Cruz, de 56 anos, é suspeita de ocultar o corpo da mãe, Natalina Costa da Cruz, de 84 anos, por pelo menos quatro meses dentro da própria casa da idosa.

O corpo foi encontrado no quarto sobre um colchão que estava no chão, coberto com panos e envolto em uma colcha. Ao lado havia incensos e condicionadores de cabelo que podem ter sido usados para disfarçar o mau cheiro, assim como um pó branco jogado sobre o corpo e que a polícia acredita se tratar de talco.

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“Pelo estado em que o corpo estava, a estimativa a grosso modo é que ela tenha morrido há pelo menos quatro meses. Já estava em estado de mumificação. Já inchou, já vazou, já fedeu. Já não tem cheiro mais, está praticamente virando pó. Já havia teias de aranha e cupins por tudo. Por isso o cômodo parece estar fechado há muito tempo”, afirma o delegado que investiga o caso, Mário Henrique Ramos.

Segundo ele, a idosa era portadora de diabetes e, em decorrência da doença, apresentava problemas na visão. Por isso era acompanhada por uma equipe do Programa de Saúde da Família do bairro.

“Eles começaram a ir lá e não encontravam ela. A filha, que é vizinha, dava desculpa que ela tinha ido à padaria, falava que estava na casa de parentes e cada hora era uma justificativa. Com isso foram passando os meses e eles não a viram mais. Mas a equipe continuou indo lá e não a encontravam, até que acionaram a Policia Militar”, conta o delegado.  

Na tarde desta sexta-feira policiais militares estiveram na casa da suspeita e da vítima, localizadas na quadra quatro da rua Vasco Pompermayer, e a mulher foi questionada. Porém informou que a mãe tinha se mudado para a casa do filho, na capital paulista. A divergência de informações levantou suspeita.

“Conseguimos um contato de uma irmã da vítima aqui em Bauru que passou o telefone do filho dela em São Paulo. Ele disse que há mais de dois anos não via a mãe e que, inclusive, mandava uma quantia em dinheiro por mês para ajudá-la”, explica.  

Autorizados por familiares, policiais civis acionaram um chaveiro para abrir a residência e entraram na casa. Ainda segundo o delegado, o que chamou a atenção é que a grade que protege a porta de entrada estava trancada com corrente e cadeado pelo lado de fora, porém, a porta em si só estava encostada e com a chave por dentro. Ramos relata ainda que as faturas de água e energia elétrica da residência foram pagas em dia e que não estão em débito automático na conta bancária. Além disso, a parte externa da casa, que conta com quintal, estava limpa, reforçando a suspeita de que a filha esteve no imóvel após a morte da idosa.

“O cadáver estava coberto. Alguém foi lá e cobriu, igual a gente vê em filme, cobriu até a cabeça com um pano, enrolou numa colcha, e vedou o ambiente pra não sair cheiro. Havia casas de aranha e cupins por toda parte, indicando que o local estava fechado há muito tempo. Na cozinha ainda havia Bom Ar e Detefom pra matar insetos. Que ela sabia que a mãe dela estava lá, isso a gente tem quase certeza absoluta. Porque ela é quem cuidava do jardim. A casa tem quintal, ela entrava cuidava de tudo. Estava trancado e ela tinha a chave do cadeado”.

Peritos da Polícia Científica estiveram no local. A suspeita, uma irmã da vítima e os policiais militares que atenderam a ocorrência já foram ouvidos. Ainda serão intimados a prestar depoimento os vizinhos, o filho da idosa e os profissionais da unidade de saúde que a atendiam e podem ter sido as últimas pessoas a entrar na casa enquanto ela ainda estava viva.

Uma vizinha que preferiu não se identificar contou ao Terra que, apesar da idade, Natalina era bastante ativa e sempre era vista no bairro. “Ela levava a vida sozinha. Acordava cedo, limpava a calçada, varria na frente da casa. Pegava ônibus pra ir no centro. A última vez que eu vi ela foi em dezembro”, relembra.

A investigação deve apontar agora se a vítima morreu de causas naturais ou se foi assassinada. “Os laudos da perícia vão apontar se ela teve alguma fratura, afundamento craniano ou fratura de rosto em decorrência de alguma pancada por exemplo, ou se houve algum tipo de envenenamento”, disse o delegado.

O boletim de ocorrência foi registrado como morte suspeita e ocultação de cadáver. A polícia inda irá apurar quem estava recebendo a aposentadoria da idosa, quantos saques foram feitos, quando foi o último e os depósitos feitos pelo filho na conta corrente da irmã, para suprir as necessidades da mãe. Porém não descarta que a aposentadoria pode ter sido sacada pela suspeita, se fazendo passar pela idosa.

“Como ela era uma senhora de idade, tinha diabetes, eventualmente ela pode ter morrido e a filha dela, que tem uma aparência de estar envolvida com crack, ser mais velha do que é, pode ter continuado sacando o benefício. Inclusive a casa estava em completa desordem típica de usuário”, afirma Ramos.

Alzira não tem passagens anteriores pela polícia e pode responder criminalmente por eventuais fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 

Corpo de jovem desaparecido é localizado em distrito de Cascavel:
Fonte: Especial para o Terra
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