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Polícia

MT: quadrilha indiciada vendia CNH por até R$ 5 mil

No grupo criminosos, que atuava em três Estados, estavam funcionários do Detran, donos de autoescolas e até psicóloga

2 mar 2015 - 14h52
(atualizado às 15h09)
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A Polícia Civil de Mato Grosso indiciou 125 pessoas envolvidas em um esquema de venda de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em três Estados: Mato Grosso, Goiás e Tocantins.

Cada cliente pagava entre R$ 300 e R$ 5 mil pelo documento “quente”, ou seja, autêntico, porém adquirido de forma ilegal. Estima-se que o esquema tenha movimentado meio milhão de reais, levando em conta o preço da CNH e o tempo de atuação do bando.

Uma das irregularidades cometidas pela quadrilha é que alguns dos integrantes faziam a prova teórica, obrigatória no processo seletivo, no lugar de candidatos com dificuldade para obter por si próprios a autorização para guiar.

A quadrilha agia de forma “escancarada”, ou seja, parecia não temer represálias. Nota da Polícia Civil diz que “a fraude ocorria por meio de condutas ousadas, apresentação de endereços residenciais forjados para legitimar que os candidatos fizessem as provas no reduto em que operava o esquema, fora do domicílio legal dos mesmos, contrariando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB)”. A quadrilha também adulterava a ficha do candidato no Departamento Nacional de Trânsito (Detran), inserindo informações inverídicas, como a de que teria feito exames psicotécnico, médico, aulas teóricas e práticas jamais realizadas. “Ainda assim documentos da emissão da habilitação eram confeccionados como se o candidato tivesse atingido todos os requisitos", destaca o delegado Joaquim Leitão. 

Dos 125 indiciados, 78 acessaram o esquema ilegal para comprar carteira. A maioria deles é de analfabetos. Estes vão responder, assim como todos os outros, por corrupção passiva, ativa, formação de bando e quadrilha, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas, estelionato, entre outros crimes.

Foram indiciadas também 18 pessoas relacionadas a autoescolas, como donos, recrutadores e agenciadores. O esquema contava com 18 agentes públicos, que atuavam como fiscais examinadores do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran). Até mesmo uma psicóloga entrou no esquema, confirmando que os clientes teriam condições emocionais para dirigir.

O inquérito da Operação “Fraus” – que significa “fraude” em latim - foi concluído nesta segunda-feira (2), um ano e três meses após o esquema ser desbaratado, em 27 de novembro de 2013. As investigações começaram seis meses antes de a operação ser deflagrada e precisou de todo este tempo para o delegado Joaquim Leitão, que presidiu o inquérito, conclui-lo, devido ao número de pessoas envolvidas.

Ao fim do inquérito, o delegado pediu a prisão preventiva de 36 acusados por representarem perigo à ordem pública. "Todos os pedidos estão embasados em elementos concretos que demonstram o perigo que elas representam à sociedade se continuarem em liberdade", defendeu o delegado. Ele destacou que esse esquema coloca nas ruas condutores sem aptidões no trânsito e o risco é para pessoas que também utilizam as vias públicas, aumentando o índice de acidentes.

O inquérito, que soma 80 volumes, foi encaminhado à Justiça.

Foto: Divulgação

O esquema

O candidato procurava recrutadores, proprietários, colaboradores ou responsáveis por autoescolas e pagavam pela CNH. Os agentes públicos corrompidos fraudavam o resultado das provas e emitiam a CHN ao candidato, mesmo sem que ele tivesse realizado provas teóricas e práticas. No caso dos que realizavam a prova, contavam com ajuda dos fiscais que indicavam as respostas corretas, uma vez que não havia filmagens nos locais de prova.  

O chefe do esquema seria Valdimar Tomaz dos Santos, servidor do Detran de Uruana, em Goiás, e o articulador Yuri Moreira e Silva, sócio de uma autoescola em Araguaiana, em Mato Grosso, que as investigações descobriram que está em nome do filho de Valdemar.

Fonte: Especial para Terra
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