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Polícia

MT: polícia prende médico acusado de abusar de pacientes

23 set 2014 - 21h41
(atualizado às 21h44)
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A polícia prendeu nesta terça-feira pela segunda vez o médico ortopedista Célio Eije Tobifawa, 47 anos, acusado de abusar sexualmente de pacientes sedados em hospitais onde trabalhou. Ele foi detido em Rondonópolis (MT), no consultório onde atua.

Há 4 anos, Tobifawa foi preso pela primeira vez em Colíder (MT), onde atuava no Hospital Regional, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pelo menos três pacientes confirmaram ter sido vítimas do ortopedista, que nega as acusações.

Conforme a Polícia Civil, por esses crimes o ortopedista foi condenado a 17 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão. Cumpriu parte da pena recluso e agora já estava cumprindo o restante em liberdade.

Desta vez a prisão dele foi decretada à revelia pela 2ª Vara Criminal de  Cáceres (225 km a Oeste), porque descumpriu exigência do processo que responde na comarca. O médico estava morando em Cuiabá, mas não avisou que se mudou para Rondonópolis.

Na Justiça de Cáceres, ele responde por violência sexual mediante fraude, previsto no artigo 215, do Código Penal Brasileiro, que criminaliza "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima".

O delegado de Colíder, Sérgio Ribeiro Araújo, informa que, conforme comprovaram investigações policiais, o médico sedava os pacientes para realizar um procedimento ortopédico, chamado de infiltração, e, depois disso, praticava sexo oral neles.

As três vítimas identificadas em Colíder têm o mesmo perfil. São homens, da mesma faixa etária, de 20 a 30 anos, de pele e olhos claros.

O delegado destaca ainda que uma das vítimas registrou boletim de ocorrência após ter sofrido o abuso. Depois disso, a Delegacia de Polícia de Colíder abriu inquérito, colhendo informações e verificando os prontuários de todos os pacientes que realizaram o procedimento médico de infiltração com o ortopedista. 

Na ocasião dos crimes em Colíder, o Conselho Regional de Medicina (CRM), suspendeu o ortopedista por 30 dias. Mas depois de cumprir parte da pena, ele voltou a atuar.

A punição foi adequada, na avaliação do presidente do CRM, o cirurgião Gabriel Felsky. "Se ele reincidisse, poderíamos reabrir o processo e aplicar a pena superior a essa que é a cassação. Mas, se isso não ocorreu, no Conselho hoje ele está legal, porque não recebemos mais nenhuma denúncia desde essa época em que foi preso. Então, em termos do exercício da medicina ele não tem nada a dever."

O CRM, conforme o presidente, acha muito ruim quando acontecem esses casos porque atingem toda a classe médica. "De certa forma, denigre a todos nós, que vemos nossa moral questionada, mas, como em toda classe, há pessoas sérias ou não, assim como ocorre no clero, entre jornalistas e em outras profissões."

Ele admite que no caso da medicina os pacientes, em situação de fragilidade, entregam a vida aos especialistas, como o ortopedista Tobifawa. "Por isso, temos que ser diferenciados, valorizar a questão da moral e ética." Segundo ele, nos espaços de discussão sobre medicina, essa problemática está presente assim como o uso de drogas, como a morfina, já que a classe médica está mais exposta a este e outros medicamentos que viciam.

Ele aconselha pacientes que se sentirem lesados de qualquer forma por médicos a formalizar a denúncia no CRM, porque um caso ganha dimensão justamente quando chegam muitas informações de que algo não está ocorrendo como deveria. 

Fonte: Especial para Terra
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