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Polícia

Morte de juíza que sofria ameaças é a 1ª deste tipo no RJ

12 ago 2011 - 11h16
(atualizado às 11h20)
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A juíza Patrícia Lourival Acioli, 47 anos, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, estava sendo ameaçada por milicianos e traficantes, conforme relatou à polícia seu primo Humberto Nascimento. Ela foi executada com ao menos 15 tiros dentro de seu carro na noite da última quinta-feira, na porta de casa, em Piratininga, região oceânica de Niterói. Segundo ele, a magistrada, a primeira assassinada pelo crime organizado no Rio de Janeiro, teve a segurança pessoal retirada por odem do então presidente do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, Luiz Sveiter, hoje presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

A juíza, que vinha sofrendo ameaças de traficantes e milicianos, foi morta com ao menos 15 tiros quando chegava em casa
A juíza, que vinha sofrendo ameaças de traficantes e milicianos, foi morta com ao menos 15 tiros quando chegava em casa
Foto: Mauro Pimentel / Futura Press

"Ela era considerada uma juíza linha dura, 'martelo pesado' como se chama. Sempre com condenações em pena máxima de gente ligada à máfia do óleo, máfia das vans, milícia de São Gonçalo, que estava crecendo absurdamente, policiais envolvidos com desvio, corrupção e tráfico de drogas", afirmou Humberto Nascimento. Ainda segundo ele, a prima sempre recebeu ameaças de pessoas envolvidas com máfias, grupos de extermínio e traficantes que atuam em São Gonçalo, sendo que as últimas eram relativas a milícias que agem no município.

De acordo com Humberto, a juíza participaria na próxima semana de um julgamento importante envolvendo milicianos. Patrícia Acioli foi a responsável pela prisão de quatro cabos da Polícia Militar e uma mulher, em setembro de 2010, acusados de integrar um grupo de extermínio de São Gonçalo. A quadrilha sequestrava e matava traficantes para depois pedir resgates de R$ 5 mil a R$ 30 mil a comparsas e parentes das vítimas.

Ela também decretou, em janeiro deste ano, a prisão preventiva de seis policiais acusados de forjar auto de resistência na cidade. No início da semana, Patrícia Acioli condenou a um ano e quatro meses de prisão, por homicídio culposo, o tenente da PM Carlos Henrique Figueiredo Pereira pela morte do estudante Oldemar Pablo Escola de Faria, na época com 17 anos. Ele foi baleado na cabeça na boate Aldeia Velha, no bairro Zé Garto, em São Gonçalo, em setembro de 2008.

Patrícia estava numa "lista negra" com 12 nomes possivelmente marcados para a morte, encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro deste ano em Guarapari (ES). Ele é considerado chefe do grupo de extermínio investigado por ao menos 15 mortes em São Gonçalo nos últimos três anos. O presidente do TJ, Manoel Alberto Rebelo dos Santos, esteve no local do crime e disse que ela já havia recebido ameaças.

Zveiter nega fim de proteção

Procurado, o ex-presidente do TJ e atual presidente do TRE negou veementemente que tenha determinado a retirada da escolta da juíza. Luiz Zveiter alega que presidiu o Tribunal de Justiça em 2009 e 2010 e a escolta da magistrada foi retirada em 2007, quando ele ainda não era o presidente. Zveiter acrescentou ainda que ela preferia a segurança do próprio marido, que era policial, e sua escolta teria sido retirada a pedido da própria magistrada.

Investigação será feita no Rio de Janeiro

Policiais da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói e São Gonçalo iniciaram uma perícia no local do crime, mas por determinação da chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, a DH do Rio de Janeiro também periciou o local até o fim da madrugada e assumiu as investigações.

O veículo da vítima e um computador com as imagens do sistema de monitoramento de segurança da associação de moradores do Jardim Imbuí, em Piratininga, estão na sede da delegacia, localizada na Barra da Tijuca, zona oeste.

O crime

Segundo testemunhas, o ataque foi feito por homens encapuzados em duas motos e dois carros por volta das 23h30 de quinta-feira. Pelo menos 16 tiros de pistolas calibres 40 mm e 45 mm foram disparados contra o Fiat Idea Weekend cinza da magistrada quando ela chegava em casa. Todos acertaram o lado da motorista, sendo oito diretamente o vidro. As balas atingiram principalmente a cabeça e tórax da juíza, que não andava com seguranças.

Fonte: O Dia
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