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Polícia

Moradores se assustam com ameaça de invasão no Rio

21 out 2009 - 02h39
(atualizado às 05h59)
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A guerra que eclodiu na madrugada de sábado, nas favelas da Zona Norte, teve na noite desta terça-feira um novo capítulo. Por volta das 21h, cerca de 200 moradores do Morro São João, no Engenho Novo, estavam concentrados nas ruas Barão do Bom Retiro, uma das ruas de acesso ao morro, 24 de Maio e na Avenida Marechal Rondon, entre os bairros Engenho Novo e Sampaio, sem poder voltar para suas casas, já que traficantes espalharam a ordem de que ninguém deveria retornar à favela. Na Rua Barão do Bom Retiro, tiros eram ouvidos no alto da comunidade.

O comércio local que ainda estava aberto fechou as portas, as aulas do Senai, que fica próximo, foram suspensas e poucos ônibus passavam pelas ruas próximas. Policiais militares foram deslocados para lá.

Moradores contaram que os bandidos Jorge Araújo Vieira, o Bebezão, e Leandro Nunes Botelho, o Scooby, do Morro dos Macacos, circularam pelos arredores da comunidade dizendo que, ao anoitecer, iam "esculachar", numa represália ao fato de o São João ter sido usado como base para traficantes do Comando Vermelho (CV) que tentaram invadir o morro vizinho no sábado.

Preso acusado de execução no Morro dos Macacos

O coronel Marcos Jardim, do 1º Comando de Policiamento de Área (CPA), disse que, a partir de 21h, dezenas de denúncias informaram que traficantes do Macacos teriam atacado o São João e que um supermercado teria sido depredado perto do Jacarezinho - o que não ocorreu. Comandante do 3º BPM (Méier), Álvaro Moura, afirmou que a invasão não aconteceu e que isso seria uma tática de traficantes para escapar do cerco da polícia.

O Morro da Matriz, no Engenho Novo, outro local de onde partiram traficantes na madrugada de sábado, a casa de uma mulher teria sido incendiada. Um morador do São João que mora há 35 anos na comunidade estava ontem à noite na rua. "Já vi vários conflitos aqui, mas este é o pior de todos os tempos. Os moradores estão pagando muito caro", disse.

Uma técnica de enfermagem que chegava do trabalho por volta das 22h15 não teve como subir para casa, no São João. O marido dela, que estava na favela, desceu com a roupa do corpo: "ouvi todo mundo dizendo que estavam invadindo a comunidade e resolvi não ficar por lá". Às 22h, policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar chegaram ao local, para tentar dar segurança à população.

Na tarde de ontem, a reportagem do jornal O DIA flagrou, no alto do Morro dos Macacos, bandidos ostentando um fuzil e pistolas. Daquele ponto, acreditam os policiais, podem ter partido os tiros que derrubaram o helicóptero Fênix-03 da PM, abatido no sábado com seis PMs.

O ataque ocorreu horas após a tentativa de invasão do CV à favela. O Morro dos Macacos, que tem parte controlada pela facção Amigos dos Amigos e outra, pelo Terceiro Comando Puro (TCP), no entanto, não teria sido tomado pelos bandidos rivais.

Ontem de manhã, um assassinato chocou a comunidade. Um homem foi executado a tiros e seu corpo colocado num carrinho de supermercado, abandonado à porta de uma vila residencial, na Rua Luís Barbosa. Ele seria integrante do CV.

Correspondente internacional agredido/b>

O correspondente de um jornal europeu foi agredido no Morro dos Macacos por traficantes de drogas. No Brasil há quatro anos, o jornalista, que já esteve em outras coberturas em favelas, fazia reportagem sobre a guerra na comunidade e foi capturado num dos acessos à comunidade. Por cerca de 10 minutos, foi ameaçado e chegou a ser agredido, mas sem gravidade. "Depois de libertado, pedi ajuda aos policiais que estavam na base do morro, mas eles não deram importância. O que pude ver é que nem de longe a polícia tem controle sobre aquele território. Vi muitas armas e fui ameaçado", contou o jornalista.

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