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Polícia

Ministério: fraude do leite será investigada em outros Estados

Suspeitos misturavam substância semelhante à ureia para aumentar o volume de água no leite

8 mai 2013 - 20h05
(atualizado em 10/5/2013 às 15h45)
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Judi Nóbrega, diretora substituta do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), diz que a fraude era praticada pelo transportador
Judi Nóbrega, diretora substituta do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), diz que a fraude era praticada pelo transportador
Foto: José Cruz / Agência Brasil

Além do Rio Grande do Sul, outros Estados serão investigados para saber se também houve adulteração no leite, informou nesta quarta-feira o Ministério da Agricultura. O foco inicial da operação foi na Região Sul, onde existe a figura do transportador de leite. A Operação Leite Compen$ado, deflagrada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) em parceria com o Ministério da Agricultura, descobriu a adição de substância semelhante à ureia para aumentar o volume de água no leite, considerada fraude inédita no País. Com o aumento do volume de água, o objetivo era tentar manter as características do leite, neste caso a proteína.

Com o crime, transportadores lucravam 10% a mais do que os 7% já pagos sobre o preço do leite cru, em média R$ 0,95 por litro. O total de leite movimentado pelo grupo, no período de um ano, chega a 100 milhões de litros. Mais de 100 toneladas de ureia foram compradas pelos envolvidos para utilização na prática criminosa.

A operação desarticulou o esquema de adulteração de leite e identificou que cinco empresas de transporte de leite adicionavam ao produto cru, entregue à indústria, a substância que tem formol na composição e é considerada cancerígena pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com a coordenadora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Judi Nóbrega, a investigação mapeou que a fraude não estava sendo praticada pela indústria nem pelo produtor de leite, mas pelo transportador. "Pelo trabalho que foi feito de investigação, se consegue identificar uma quadrilha, articulada com o único objetivo de obter lucro ilícito. É crime organizado. As indústrias foram vítimas da situação fraudulenta, mas falharam ao controlar o recebimento do leite", disse.

Esse tipo de adulteração é considerada crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no Código Penal. Segundo o MP-RS, até o momento, seis pessoas foram presas. Durante o cumprimento dos 13 mandados de busca e apreensão, foram recolhidos diversos caminhões utilizados no transporte do leite, cerca de 60 sacos de ureia, R$ 100 mil em dinheiro, uma régua com a fórmula utilizada para medir a mistura adicionada ao leite, revólveres e pistolas, soda cáustica, corantes, coagulantes líquidos e emulsão para obtenção de consistência, entre outros produtos e documentos.

Segundo a coordenadora, as marcas de leite fraudadas são seguras para o consumo. "As marcas, a partir desse controle, o consumo é seguro. Nós tivemos seis lotes implicados, eles foram feitos recall, mas pode ter ainda em determinado local desse país ofertando esses lotes, que não são seguros", explicou Judi.

Confira as marcas que apresentaram adulteração por formol conforme laudos de laboratórios credenciados pelo Mapa: 

MARCA LOTE
Italac Integral L05KM3, L13KM3, L18KM3, L22KM4 e L23KM1 

Italac Semidesnatado
L12KM1
Líder UHT Integral TAP1MB (produzido em 17/12/2012 e com validade até 17/04/2013)
Mumu UHT Integral 3ARC
Latvida UHT Desnatado com fabricação em 16 de fevereiro de 2013 e validade até 16 de junho de 2013
Agência Brasil Agência Brasil
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