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Polícia

Menina de 9 anos recebe alta após aborto de gêmeos no Recife

6 mar 2009 - 11h13
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Ana Lima Freitas

Direto de Recife

A menina de 9 anos que teve a gravidez interrompida recebeu alta às 6h desta sexta-feira no Recife. A garota, que estava grávida de gêmeos, estava internada no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no bairro da Encruzilhada, desde a última terça-feira. A criança supostamente sofria abusos sexuais do padrasto.

A gravidez da menina foi interrompida depois da polêmica criada pela posição da Igreja, contrária ao aborto. Segundo declarações do Arcebispo de Olinda e Recife, d. José Cardoso Sobrinho, todos os que estão envolvidos no procedimento que interrompeu a gravidez da garota estão excomungados da Igreja Católica. "A lei de Deus está acima de todas as leis humanas", reafirmou d. José. De acordo com o arcebispo, não havia um consenso médico que de a gravidez da garota não poderia, sob nenhuma hipótese, continuar.

Risco de vida

Para o ginecologista e obstetra, Sérgio Cabral, a menina corria risco de vida caso a gestação prosseguisse. "Havia uma série de possibilidades. A garota poderia desenvolver eclâmpia (hipertensão e a presença de proteína na urina), pré-eclâmpia, entrar em trabalho de parto prematuramente e até haver uma ruptura uterina. "Uma gravidez gemelar numa mulher já se configura como de 'alto-risco', imagine em uma criança", afirmou.

O ginecologista não quis comentar as declarações da Igreja, mas disse que em vinte anos de profissão nunca presenciou um caso de uma gravidez em alguém tão jovem. Ainda segundo ele, deve haver casos semelhantes na literatura médica, mas eram raríssimos e difíceis de prever as conseqüências.

Aborto

Na quarta-feira, o aborto foi realizado, induzido por medicamentos. No mesmo dia à tarde, a menina, que tem 33 kg e 1,36 m, passou por uma curetagem para retirada do material placentário da cavidade uterina.

A ONG Curumim, entidade pernambucana que presta assistência a mulheres vítimas de violência, acompanhou todo o caso desde que a garota foi trazida de Alagoinha, município do agreste Pernambuco, onde seria abusada sexualmente pelo padrasto desde os 6 anos.

Segundo a presidente ONG, Paula Viana, a mãe da garota saia de casa para trabalhar e deixava as duas filhas com o padrasto. De acordo com Paula, a mulher disse que nunca havia desconfiado de nada. "Segundo a mãe, a menina teve uma menstruação exagerada e no mês posterior havia parado de menstruar. Então ela decidiu procurar um médico, que logo identificou a gravidez", revelou Paula.

Confissão

O padrasto da menina, José Amâncio, um desempregado de 23 anos, foi preso e encaminhado no dia 27 de fevereiro ao Presídio Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, no agreste de Pernambuco. De acordo com a polícia, ele vivia com a mãe da criança desde 2005. Segundo a polícia, durante depoimento, o homem, suspeito de ter estuprado também a irmã de 14 anos da garota, confessou ao delegado Antônio Dutra ter abusado da menina mais velha e alegou ter sido seduzido pela garota e também confessou ter abusado da mais nova, mas negou ter feito estuprado a menina. De acordo com o Código Penal brasileiro, o padrasto poderá pegar mais de 15 anos de prisão em regime fechado.

A menina de 9 anos, a irmã e a mãe seguiram para uma casa abrigo no Recife. O endereço não foi revelado para preservar a privacidade das vítimas.

Fonte: Especial para Terra
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