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Polícia

"Médica convenceu minha mãe de que eu não tinha chance", diz ex-internado

Familiares de ex-internados do Evangélico fazem denúncias após divulgação do caso da médica presa em Curitiba

23 fev 2013 - 14h10
(atualizado às 14h15)
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Claudinei foi até o Nucrisa relatar o que houve com sua mulher na UTI do Hospital Evangélico
Claudinei foi até o Nucrisa relatar o que houve com sua mulher na UTI do Hospital Evangélico
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra

A divulgação do caso envolvendo a médica Virgínia Soares de Souza e o Hospital Evangélico de Curitiba despertou a atenção de familiares de pacientes que passaram pela UTI Geral da instituição e que faleceram. Muitos estão procurando a polícia para contar suas histórias. O estudante de Direito Hélder Bispo dos Santos deve ir hoje ao Núcleo de Repressões aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa), no centro de Curtiba, para relatar o que aconteceu com ele na UTI geral do Hospital Evangélico.

Em 2004, Santos teve um quadro de meningite e, quando chegou no hospital, a equipe médica não queria interná-lo. "Falaram que ele já estava morto. Mas eu insisti para que eles internassem, colocassem na UTI. Fui voluntária do hospital por oito anos", relata Juraci da Maia, mãe do estudante. 

O filho dela ficou seis dias em coma induzido na UTI e a médica Virgínia Soares de Souza tinha dito que os equipamentos que estavam o mantendo vivo seriam desligados. "A médica convenceu a minha mãe de que eu já não tinha mais chances e que outras pessoas dependiam da vaga na UTI. Minha mãe saiu para ver o caixão e, quando retornou para uma última oração antes de desligarem os aparelhos, eu reagi e mexi a mão. Foi aquela correria, segundo o que a minha mãe conta. Falaram que eu tinha morte cerebral, mas quem tem não mexe nada", revela Hélder.

Ele afirma que ficou sabendo dos casos pela imprensa e que até então não tinha pensado em denunciar. "A gente acredita nos médicos. Até então a gente não tinha pensado em denunciar. Sou uma prova viva do que aconteceu porque pouca gente sobreviveu. Vou ao Nucrisa neste sábado para repassar a minha história e tentar ajudar de alguma forma", comentou.

Em meio às prisões de médicos hoje, relacionadas com o mesmo caso, Claudinei Silva de Conto foi até a sede do Nucrisa para contar o que aconteceu com a sua família. De acordo com ele, a sua mulher Edna Alves Luciano estava em uma gravidez de risco do segundo filho do casal e fez o parto no Hospital Evangélico. Apesar do risco e da cesária, tudo estava correndo bem.

"Ela passou uma semana lá e estava boa. Mas depois passou a reclamar que não conseguia respirar. Foi quando foi falado em uma cirurgia e eu questionei o que era. Os médicos disseram que era uma cirurgia para limpeza. Achei muito estranho. A minha esposa foi para a UTI, onde ficou um dia. Eu fui embora porque não me deixavam entrar. Mas o médico disse que ela estava reagindo. Depois, só me disseram que o coração dela tinha parado", conta.

Edna entrou no Evangélico no dia 18 de agosto de 2012 e faleceu no dia 24 do mesmo mês. "Quando surgiram estas notícias, eu pensei que o caso da minha esposa pudesse estar relacionado. Eu fiz uma denúncia no Ministério Público de tudo o que aconteceu", garante.

Dois médicos e uma médica foram presos hoje com o cumprimento de mandados de prisão pela Nucrisa. Eles estariam relacionados com o caso da médica Virgínia Soares de Souza , presa na última terça-feira suspeita de provocar morte de pacientes na UTI geral do Hospital Evangélico.

O advogado Elias Mattar Assad, que defende a médica Virgínia reiterou que não existem provas contra a sua cliente. O Hospital Evangélico trocou toda a equipe da UTI geral, remanejando 47 funcionários e também está com uma sindicância interna para apurar as denúncias.

Fonte: Especial para Terra
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